O Vatican News publicou nesta semana a triste e chocante notícia de que a República Islâmica do Irã expulsou uma freira italiana de 75 anos, irmã Giuseppina Berti, que, durante mais de duas décadas e meia, trabalhou junto aos doentes de hanseníase da cidade de Tabriz.
Agora aposentada, a irmã vivia na casa da congregação das Filhas da Caridade em Ispahan, mas o seu visto não foi renovado e ela recebeu a ordem de ir embora do país.
A tendência é de que outra religiosa idosa da mesma congregação, a irmã austríaca Fabiola Weiss, de 77 anos, sofra o mesmo tipo de expulsão: após 38 anos cuidando dos pobres e doentes no mesmo instituto em Tabriz, ela conseguiu a renovação do visto para mais um ano, mas não há qualquer garantia de que poderá continuar no Irã após esse prazo.
As duas religiosas dedicaram a vida aos doentes iranianos sem distinção de religião ou etnia.
Além do trabalho junto aos enfermos, as Filhas da Caridade se dedicaram ainda, durante décadas, à educação de jovens em Ispahan. Elas também cuidaram de centenas de crianças polonesas refugiadas e órfãs de guerra que chegaram ao Irã em 1942, quando a Polônia era martirizada pelos invasores nazistas.
A grande escola que as freiras dirigiam na cidade, porém, foi confiscada logo após a revolução islâmica de 1979. Atualmente, a própria casa das freiras é considerada a única igreja católica latina existente em Ispahan. Sua capela, de 1939, é sede da paróquia Virgem Poderosa, mas nela só se conseguem celebrar Missas ocasionalmente. Segundo o Vatican News, as duas irmãs que moram em Ispahan não realizaram nenhuma atividade externa nos últimos anos para evitar acusações de proselitismo.
Em 2016, a casa dos padres lazaristas na cidade já tinha sido confiscada.
A situação não é muito melhor no restante do país. Em 2019, o administrador patriarcal de Teerã dos caldeus, Ramzi Garmou, também foi impedido de renovar o visto de permanência no Irã. Em todo o país existe somente uma arquidiocese latina, atualmente sem sacerdote e no aguardo da chegada do novo bispo, dom Dominique Mathieu, recentemente nomeado. Também há uma diocese da tradição armênia, que só tem o bispo e nenhum sacerdote, e duas arquidioceses da tradição assírio-caldeia, que contam juntas com somente um bispo e quatro sacerdotes.
Quanto às Filhas da Caridade, elas atuam no Irã com apenas três freiras em Teerã e duas em Ispahan, além de duas leigas consagradas. As duas religiosas de Ispahan são justamente as irmãs Giuseppina e Fabiola, que já sabem que não poderão continuar na cidade - nem no país.