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Como pensar demais pode prejudicar nossa saúde mental

Octavio Messias - publicado em 20/08/21
Relacionado a ansiedade e depressão, hábito de ficar ruminando faz com que o cérebro entre em um círculo vicioso 

Como eu vou pagar o boleto no final do mês? Como está a saúde da minha mãe? Que mundo vamos deixar para nossos filhos?

Se não tomarmos cuidado, esses e outros pensamentos que ficamos ruminando em nossa mente acabam tomando conta da nossa atenção, fazendo com que nos percamos em nossos pensamentos.

E isso tende a se agravar muito com os problemas trazidos pela pandemia. E pode atingir extremos graves.

"Existem pessoas cujos níveis de ruminação são simplesmente patológicos", diz a psicóloga norte-americana Catherine Pittman, autora do livro Rewire Your Anxious Brain: How to Use the Neuroscience of Fear to End Anxiety, Panic, and Worry ("Reprograme o Seu Cérebro: Como Usar as Neurociências para Acabar com Depressão, Pânico e Preocupação".)

Os chamados ruminadores crônicos passam a maior parte do tempo pensando, o que coloca enorme pressão sobre eles mesmos e pode levar a quadros de ansiedade e depressão.

O ato de pensar demais, que pode parecer leviano e até pertinente, quando descontrolado, faz com as frequências do cérebro entrem em um círculo contínuo que se repete até mesmo quando o indivíduo não tem a intenção.

Todo mundo tem aquela voz interior que emite uma opinião sobre tudo e um julgamento sobre todos (especialmente nós mesmos). No caso dos ruminadores patológicos, essa voz não cessa por um instante e impede que o indivíduo parta para a ação.

E essa é justamente a solução. Por exemplo, se você se deu conta de que tinha se perdido nos próprios pensamentos, inicie uma atividade, que seja assistir uma série, lavar a louça ou ler um livro, qualquer coisa que tire sua cabeça das ruminações.

Outra dica que os especialistas dão é voltar-se para o presente, o que significa sentir os pés plantados no chão, observar o entorno, prestar atenção no olfato e na audição. O princípio é simples: ao se reconectar com o ambiente, você se desconecta dos pensamentos paralisantes. 

Outra recomendação dos médicos está alinhada a um dizer popular: foca na solução e não no problema.

Quando nosso cérebro entra em um círculo vicioso de enxergar problema em tudo, ele dificilmente processará outro tipo de informação.

Porém, ao focar na solução, você quebra esse padrão e consegue abordar o problema de maneira mais construtiva.

Por exemplo, em vez de se preocupar com a ausência de amigos durante a pandemia, o desafio fica: como constituir relações mais sólidas para que eu me sinta mais acolhido no futuro? É uma questão de domar a mente para se fazer presente. Meditação também costuma ajudar.

Claro, quadros patológicos de ruminação excessiva devem contar com acompanhamento terapêutico e até medicação. Se for o seu caso, não hesite em procurar ajuda.

Mas também existem vários estágios onde próprio sujeito pode alterar essa frequência. E para conseguir dar conta da tarefa, o primeiro passo é aceitar que não temos tanto controle sobre as coisas quanto gostaríamos. 

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