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O perigo espiritual de estar sempre cansado(a)

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Carlos Padilla Esteban - publicado em 26/10/21
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A fadiga crônica impede o amor, a doação, a generosidade. Às vezes, só precisamos parar, desconectar e descansar

Costumo reclamar e dizer que estou sempre cansado. Que a vida que levo exige muito de mim e eu não consigo lidar, que as coisas não são do jeito que eu quero.

Mas vivo reagindo sem tomar a iniciativa e controlar minha vida. Portanto, corro o risco de viver sempre cansado.

Minha reclamação: tudo pesa sobre mim

Tem gente que é especialista em mostrar o cansaço: "Tive um dia pesado", comentam entre suspiros.

Talvez eu tenha daqueles dias em que sinto que não estou chegando a lugar nenhum. Ou não posso fazer bem tudo o que é exigido de mim.

Vejo que não estou à altura das expectativas. Um dia pesado, cansativo, cheio de demandas. Um daqueles dias em que tudo pesa sobre mim.

Não consigo imaginar Jesus reclamando à noite com seus discípulos e mostrando-lhes como ele se esforça para fazer o bem. Não, Jesus não reclama.

Ele está simplesmente cercado por seus discípulos e algumas pessoas. Eles pedem para curá-los. Eles pedem para lhes dar uma palavra de esperança.

Um cansaço saudável

É claro para mim que o cansaço esgota minhas forças. Isso me desencoraja, tira minha esperança.

E sei muito bem que só se Deus agir sobre mim valerá a pena o meu cansaço.

Se Deus não age em mim com seu poder e não torna minhas obras frutíferas, nada posso fazer.

O cansaço saudável que atordoa meu corpo depois de ter dado tudo não é ruim, é bom.

Saber descansar

Mas também vejo que, às vezes, me canso porque não sei descansar, porque não me desligo e ignoro as minhas vozes interiores que me pedem para parar. Porque isso pode ser a única solução para problemas ainda sem resposta.

Eu estava lendo outro dia uma reflexão precisa:

“A sabedoria autêntica oferece apenas uma resposta possível para cada situação. Por enquanto, o que você precisa fazer é descansar e cuidar de si mesmo até encontrar uma solução. Volte para a cama para que, quando a tempestade chegar, você tenha forças para enfrentá-la. E a tempestade virá. Em breve. Mas não esta noite. Portanto: volte para a cama."

Elizabeth Gilbert, "Comer, rezar e amar"

Quando estou cansado, tenho que aprender a descansar. E parar de fazer tudo que o mundo exige de mim.

Para poder ser forte para me entregar. Para ser capaz de economizar forças quando os tempos difíceis vierem.

Cuidado com a fadiga crônica

O cansaço crônico me impede de amar, de me entregar, de ser generoso. Desconectar e descansar é tudo o que eu preciso.

Levar em conta os alarmes da minha alma, do meu corpo é uma maneira de servir melhor. Eu não sou Deus.

Sou apenas um homem que quer chegar a tudo. Às vezes, em uma ânsia doentia de ser reconhecido e valorizado. Nem tudo posso fazer. Nem tudo me corresponde.

As demandas de Jesus

Fico impressionado com aquele momento na vida de Jesus, quando Ele sai de Jericó depois de ter pregado e curado. E ele sai cercado por algumas pessoas.

Oprimido por demandas e solicitações. Oprimido pelo homem que tem uma sede infinita.

E, naquele momento, um cego pede misericórdia. Um homem cego de nascença, abandonado e rejeitado, que não tem a quem pedir misericórdia.

Ele vê Jesus e grita: "Tem misericórdia de mim". Clame a Jesus, o compassivo, o misericordioso. A Jesus que é misericordioso. Como isso poderia acontecer?

Eu olho para Jesus tentando fazer algo de sua misericórdia grudar em mim hoje. Sinto-me longe daquele olhar compassivo.

Eu não ouço a voz de quem grita. E não tenho compaixão de ninguém que me magoe ou me machuque. Não sou misericordioso com aqueles que não fazem as coisas como eu esperava.

A misericórdia

Gosto do olhar do Papa Francisco para Deus:

Jesus não considera minha maldade. Ele me abraça com sua misericórdia para superar minha miséria.

Ela para para me tirar da lama e me vestir com vestidos brancos que eu não mereço. Assim é sua misericórdia e compaixão.

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