Os bispos são representantes de Cristo e não funcionários da Santa Sé, declarou o cardeal alemão Gerhard Ludwig Müller, prefeito emérito da Congregação para a Doutrina da Fé.O purpurado recebeu recentemente o prêmio Leão de Ouro de Veneza pela Paz e, nessa ocasião, fez declarações à imprensa nas quais reafirmou as palavras do Papa Francisco de que a Igreja não é uma ONG, mas sim o Corpo de Cristo.
Neste sentido, reforçou que "a Igreja não é nem pode se tornar uma organização religiosa-social a caminho de um paraíso terrestre que vai falir; em vez disso, a Igreja é um organismo vivo, o Corpo de Cristo, que é sua Cabeça universal e o seu Salvador. As pessoas não podem reformar ou reconstruir a Igreja a seu bel-prazer; é Deus quem nos reforma, nos renova, para sermos bons cristãos, membros vivos do Seu corpo [eclesial]. Cristo é a Cabeça. Os bispos, e também o bispo de Roma, são apenas Seus servos. Esta palavra divina deve ser a máxima do próximo sínodo".
Foi nesse contexto que ele enfatizou que os bispos não são meros "funcionários" da Santa Sé, mas sim representantes de Cristo e "pastores da Igreja de Deus, que Cristo adquiriu com o Seu sangue". O cardeal aproveitou para incentivar os fiéis a conhecerem os nomes dos bispos "capazes de dialogar com as pessoas de hoje que possuem alto nível intelectual".
De fato, esse diálogo qualificado é de crucial importância para os rumos não só da Igreja, mas da humanidade. Um dos grandes nomes da Igreja capazes de um diálogo de alto nível intelectual com a humanidade é o Papa Emérito Bento XVI, a quem o cardeal Müller mencionou explicitamente. Müller está a cargo do complexo projeto de publicar as obras completas do Papa Emérito em 16 grandes volumes. Para ele, o conjunto da obra de Ratzinger "tem a qualidade teológica de um Padre da Igreja".
Müller falou também do carisma do Papa Francisco, que, a seu ver, "é o compromisso com os pobres" mediante a ampliação dos horizontes para as "periferias da existência".