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Pecado grave de ministros ordenados na pandemia

église munich allemagne

Photo prise dans une église de Munich. En Allemagne, les offices publiques sont de nouveau autorisés.

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Vanderlei de Lima - publicado em 13/12/21
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Tudo isso é muito sério. Rezemos em reparação a esse pecado e peçamos também que ele jamais se repita

Membros da hierarquia da Igreja têm apontado o pecado grave de bispos que, na pandemia da Covid-19, negaram, de modo duro e prolongado, os sacramentos aos fiéis a eles confiados. Não poucos filhos da santa mãe Igreja se viram, de um momento para outro, órfãos de parte de seus ministros ordenados.

Sim, órfãos, pois, quando mais precisaram – para si ou para seus entes queridos – da Confissão sacramental, da Unção dos Enfermos, da Eucaristia ou mesmo de exéquias, no auge da pandemia, encontraram, não raras vezes, igrejas fechadas e ministros ordenados ausentes. Isso não passou despercebido ao Pe. Yoannis Gaidum, secretário do Santo Padre, o Papa Francisco, que fez a seguinte constatação: “Na epidemia do medo em que estamos todos vivendo, devido à pandemia do coronavírus, corremos o risco de nos comportarmos mais como assalariados do que como pastores. Penso nas pessoas que certamente abandonarão a Igreja, quando este pesadelo acabar, porque a Igreja as abandonou quando estavam em necessidade” (Catolicismo n. 841, janeiro de 2021, p. 35).

Afirmação muito séria, mas real. Com efeito, parecia até que o Evangelho fora distorcido para dizer: “Buscai primeiro tudo o que for material e o Reino de Deus virá por acréscimo” (cf. Mt 5,33) ou “Temei o que mata o corpo, não se importe com a alma” (cf. Mt 10,28). Nesse triste quadro, enquanto – para ficar apenas com dois exemplos – médicos e demais destemidos profissionais da área da saúde deixavam suas casas e corriam para os hospitais ou para outras entidades sanitárias e membros das forças de segurança permaneciam nas ruas, parte dos filhos ordenados da Igreja se escondia e, por conseguinte, deixava o Povo de Deus sem sacramentos na hora em que mais precisavam. Os cuidados sanitários foram e são necessários, mas o pecado está – como na vergonhosa negação de Pedro (cf. Mt 26,69-75) – em supervalorizar esta vida e menosprezar a eterna.

É São Bernardo de Claraval, doutor da Igreja, quem bem reflete sobre o pecado de São Pedro: “O apóstolo amava o seu Mestre e era incapaz de renegá-lo; porém, agora tratava-se de separação ou morte. A primeira condição era-lhe dolorosa; todavia, não tanto como a segunda. E assim, contra a sua vontade e apenas para escapar à morte, renegou o seu Senhor. Possuía, portanto, duas vontades opostas: uma para escapar à morte, que nada tinha de censurável; a outra para permanecer leal ao seu Mestre, digna de todos os encômios. Onde estava, pois, a sua falta? Pecou ao pretender salvar a vida com uma falsidade, e ao preferir a vida do corpo à da alma. Não que odiasse ou desprezasse o seu Mestre, mas amava-se a si próprio excessivamente, e a súbita emoção do medo não gerou, mas somente manifestou aquele amor vicioso” (Ailbe J. Luddy. São Bernardo de Claraval. São Paulo: Cultor de Livros, 2016, p. 248-249 – itálico nosso).

Mais: no dia 5 de dezembro último, o site Religión en Libertad publicou uma entrevista do cardeal Gerhard Müller, ex-prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, na qual este afirma que a atitude de suspensão das funções sacras de alguns prelados, na pandemia, é pecaminosa. Diz ele: “É contrário à lei divina se o acesso aos meios de graça da Igreja, ou seja, aos sacramentos de Cristo, é obstaculizado ou mesmo proibido pelas autoridades estatais. Que inclusive os bispos tenham fechado suas igrejas ou negado os sacramentos às pessoas que buscam ajuda é um pecado grave contra a autoridade que Deus lhes deu. Esta é uma prova impactante de até que ponto a secularização e descristianização do pensamento já chegou aos pastores do rebanho de Cristo”. 

E continua: “Os bispos, como sucessores dos apóstolos, não são governantes segundo os caminhos do mundo, mas ministros da Palavra e ministros da graça de Cristo. Algo diferente é a observância de regras razoáveis ​​para prevenir a transmissão da doença. Mas isso não pode ser utilizado para justificar a rejeição dos sacramentos por princípio. Porque a graça da vida eterna deve prevalecer sobre os bens temporais”.

Tudo isso é muito sério. Rezemos em reparação a esse pecado e peçamos também que ele jamais se repita!

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