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Pesquisa: 88% dos brasileiros são a favor de cancelar o carnaval 2022

Carnaval
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Francisco Vêneto - publicado em 13/12/21
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É uma oportunidade interessante para medir quantos pesos e medidas as autoridades brasileiras utilizam em suas decisões

Segundo uma pesquisa realizada pela Genial/Quaest e divulgada nesta semana por veículos de imprensa como Último Segundo e O Globo, 88% dos brasileiros se declaram hoje a favor de cancelar o carnaval 2022 por causa da pandemia de covid-19.

O surto planetário da doença, que já está muito próximo de completar 2 anos, ameaça agora mais uma onda, provocada pela disseminação da nova variante do coronavírus, a ômicron.

A pesquisa foi feita entre os dias 2 e 5 de dezembro e, segundo os realizadores, entrevistou pessoas em todo o território nacional.

Apenas 9% dos respondentes afirmaram querer a liberação do evento, enquanto 3% não responderam. O total de 88% dos entrevistados favoráveis a cancelar o carnaval 2022 sobe para 93% quando se consideram somente as opiniões dos evangélicos.

Cancelar o Carnaval 2022

A maior parte das capitais estaduais brasileiras não definiu ainda se cancelará ou não o evento. As três que em outubro haviam confirmado o carnaval já voltaram atrás: São Paulo, Rio de Janeiro e Maceió agora reavaliam o cenário.

Várias outras já confirmaram que não sediarão eventos oficiais, como Curitiba, Campo Grande, Cuiabá, Belo Horizonte, Fortaleza e Belém.

O que a Igreja diz sobre o carnaval

A palavra "carnaval" vem do latim "carnem levare", literalmente "abster-se de carne", e se refere à "despedida da carne" por parte dos fiéis na véspera da Quarta-feira de Cinzas, quando começa o jejum quaresmal.

Este significado se perdeu com o tempo e a palavra "carnaval" se tornou apenas sinônimo da assim chamada "folia". As festas de carnaval que conhecemos hoje surgiram no século XIX, na Europa, retomando antigos festivais pagãos anteriores à era cristã.

As características pagãs do carnaval, de fato, são o alvo da principal crítica da Igreja a essa festa, que incentiva excessos já prejudiciais a uma pessoa mesmo sem se considerar nenhum fator religioso: abuso de bebida alcoólica, erotismo exacerbado, normalização da promiscuidade sexual e, em geral, um desenfreio passional incompatível não só com a vida de graça, mas também com uma vida equilibrada e saudável de um ponto de vista meramente humano e social. Não se trata de rejeitar a celebração festiva em si mesma, e sim de rejeitar a falta de domínio dos próprios instintos, exacerbados pelo abundante incentivo sensual que caracteriza explicitamente o carnaval.

O falecido bispo de Palmares, PE, dom Henrique Soares, comentou a respeito dos contextos em que um católico pode participar de festas de carnaval sem comprometer a sua coerência com os princípios de vida do Evangelho:

Em resumo: a Igreja alerta com clareza contra os riscos, mas respeita o livre arbítrio de cada um.

Carnaval em tempos de pandemia

Se em anos considerados "normais" a doutrina católica já recomenda muitos cuidados contra os excessos e notórios riscos desse tipo de festa, sobra dizer que, em plena pandemia de covid-19, não restam muitos motivos razoáveis que justifiquem a manutenção do carnaval.

Seria uma absurda incoerência, aliás, com todo o discurso protocolar de restrições às aglomerações, em especial quando diversos países e entidades internacionais voltam a lançar o alerta por conta da nova variante ômicron.

A própria população demonstra entender que não é o momento de liberar grandes eventos. Mesmo que a pesquisa recém-divulgada no Brasil esteja errada por margem grosseiramente alta, ainda assim parece claro que a grande maioria não está disposta a sofrer os riscos desnecessários de um carnaval neste cenário.

É uma oportunidade interessante para medir quantos pesos e medidas as autoridades brasileiras utilizam em suas decisões.

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