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Quando a afetividade gera infidelidade

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Orfa Astorga - publicado em 09/02/22
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A afetividade desintegrada é uma causa de infidelidade pouco conhecida, mas que precisa ser tratada

Nos casos de infidelidade, costuma-se assumir uma relação com um terceiro, com o estímulo da paixão carnal devido a uma sexualidade desintegrada. Essa é a razão pela qual a pessoa se submeterá à dominação do impulso carnal.

Por outro lado, em uma sexualidade integrada, a inteligência, a vontade e os apetites sensitivos operam numa ordem hierárquica, na qual as faculdades superiores prevalecem sobre os apetites da carne para um bem superior: o amor.

No entanto, há outra causa menos reconhecida de infidelidade, mas não menos comum por isso, que é uma afetividade desintegrada.

É uma disfunção da personalidade, pela qual a inteligência e a vontade não são mais submetidas aos impulsos sensitivos da carne, mas aos impulsos dos sentimentos e emoções. Isso acontece devido a múltiplas causas, como:

    Na sexualidade desintegrada, muitas vezes se confunde o amor com a paixão do amor, enquanto na afetividade desintegrada, o que se confunde é o amor com mero sentimentalismo.

    De onde vem a infidelidade?

    Por causa dessa disfunção de personalidade, homens e mulheres muitas vezes se apaixonam pela pessoa errada quando solteiros ou até casados, algo que geralmente acontece quando essa fraqueza afetiva é detectada por quem busca a sedução para alimentar seu ego. Ou - pior - para gratificação sexual.

    Como o que não se conhece não se ama, quem erra guiado pelo sentimentalismo ilude-se, acreditando conhecer uma realidade que acaba por ser apenas uma miragem, um produto da manipulação.

    Uma miragem formada pelas primeiras confidências, em que uma ou ambas as partes constroem uma imagem angelical para a outra, às vezes misturando-a com uma certa vitimização.

    Por exemplo: detalhes sutis como um presente comprado em uma viagem, com a mensagem explícita ou silenciosa de que se lembraram do outro.

    Paz
    Na infidelidade às vezes começamos prestando atenção em quem achamos mais interessante, mais espiritual...

    Outras formas: mensagens com pensamentos estereotipados nas redes sociais ou em notas manuscritas que pretendem promover uma imagem de maturidade e até uma certa espiritualidade, ao mesmo tempo que lisonjeiam a figura do outro.

    Como os olhos são as janelas da alma, recorrem-se a olhares enganosos de clara aceitação e desapego de afeto, enquadrados num leve sorriso, que, sendo vazio, finge dizer muito, e consegue, enganando.

    Manifestações de afeto e infidelidade

    As manifestações de afeto começam com contatos corporais sutis. Ambos já estão deixando de ser infiéis com seus pensamentos, para serem infiéis em ações.

    A pressão e a urgência da parte infiel aumentam.

    No entanto, a vítima do autoengano ainda pode reagir e colocar bloqueios no coração. Isso é alcançado se você colocar distância. Você deve reconhecer que o que veio clamar por todos os seus sentimentos é algo que está profundamente errado em si mesmo.

    Como recuperar a integração da afetividade?

    Em casos como este, qual é a verdade que deve ser apresentada à consciência para recuperar a integração da afetividade?

    A primeira coisa é admitir que a vida afetiva sensível, sendo natural e gratificante, é extremamente enganosa e doentia quando o amor se reduz a apenas sentimentos, acima de sua verdade.

    Como perceber?

    O amor pessoal é sincero e transparente, ama desinteressadamente, busca o bem da pessoa amada mesmo às custas do seu próprio bem, e com um sacrifício que, pela própria força do amor, se revela agradável. Em contrapartida, o afeto demonstrado em um relacionamento ilícito não é livre para satisfazer uma necessidade do ego, afetiva ou sensual. Isso é muito fácil de detectar se você esfriar a cabeça.

    O amor pessoal, por sua beleza, dispensa artifícios, como acontece entre uma pedra preciosa quanto à sua melhor imitação.

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