As mulheres consagradas podem revelar aos padres a verdadeira face de seu celibato sacerdotal, de acordo com uma freira francesa. A Irmã Alexandra Diriart falou sobre o assunto em um simpósio de três dias no Vaticano. O encontro foi sobre o sacerdócio.
Professora do Pontifício Instituto Teológico João Paulo II para as Ciências do Matrimônio e da Família, a irmã apostólica da comunidade de São João deu uma conferência sobre o tema “estados de vida” na Igreja.
A freira, vestida com seu hábito cinza e branco, concentrou-se na “contribuição específica da consagrada” que é “um sinal importante para o sacerdote pela aparente inutilidade ou pobreza de sua vida ”.
A consagrada “não só renuncia à conjugalidade, mas também àquilo que faz a beleza de uma mulher, a maternidade”, sublinhou. E isso “correndo o risco de ser desprezada, escarnecida e até desacreditada em sua dignidade de mulher”.
Além disso, prossegue a freira, a mulher “não recebe nada em troca, pelo menos aparentemente”, ao contrário do padre que “recebe em troca o imenso dom do sacerdócio”.
“Sempre existirá o risco de o padre conceber seu sacerdócio como uma função, um poder ou um ministério que ele possui”, enfatizou a irmã Alexandra Diriart. É a mulher consagrada que lhe revela “a verdadeira face da sua fecundidade” e do seu celibato sacerdotal. Ela o lembra que “a fecundidade divina é mantida neste aparente vazio casto que é, de fato, a receptividade ao amor de Cristo, disponibilidade e aceitação do dom de Deus”.
A religiosa também alertou contra “uma dissociação do espiritual e do corpóreo”, que pode levar a uma “desumanização do padre que vive o celibato” até mesmo a uma “perversão”.
Ela concluiu citando São Francisco de Sales: “Não deseje não ser o que você não é, mas deseje ser muito bem o que você é”.