A guerra na Birmânia, pouco tratada nas manchetes internacionais, é um dos muitos e trágicos conflitos que estão atualmente ocorrendo em nada menos que 70 países mundo afora.
Conflitos armados perduram no país, cujo nome oficial é hoje Mianmar, desde a sua independência do Reino Unido, declarada em 1948. São conflitos de base étnica, entre diversos grupos armados contra as forças do governo central, visando independência. Inúmeros acordos de cessar-fogo já foram feitos na teoria, bem como foram criadas áreas autônomas em 2008, mas os grupos étnicos continuam lutando por independência ou pela federalização do país. A guerra civil na Birmânia é hoje a mais longa do mundo, uma vez que se arrasta há mais de sete décadas.
Um dos grupos étnicos mais atingidos pelos conflitos são os ruaingas, ou rohingyas, de fé islâmica, perseguidos pelo governo central e considerados pela ONU como uma das minorias mais perseguidas do mundo.
Eles não são os únicos, porém. A minoria cristã também sofre sistemática discriminação e perseguição na Birmânia.
A Igreja Católica local relatou que, nos últimos dias, edifícios religiosos foram alvo de ataques aéreos. Em 8 de março, a igreja de Nossa Senhora de Fátima, no vilarejo de Saun Du La, perto da cidade de Demoso, foi atingido pelos disparos de um avião de combate por volta das duas horas da tarde. Em 10 de março, por volta das 6 da manhã, o alvo dos bombardeios foi um convento da congregação das Irmãs da Reparação, também em Demoso. Esse convento, que mantinha em suas instalações um hospital para as freiras idosas, se localiza ao lado da igreja de Nossa Senhora Rainha da Paz, já bombardeada em junho de 2021.
A Igreja na Birmânia vem denunciando os ataques frequentes das forças militares há tempos. No caso dos últimos ataques, padres denunciam que os bombardeios não foram acidentais, já que não estavam ocorrendo conflitos armados naquela área.
Um dos ataques pontuais mais mortíferos foi perpetrado contra a igreja do Sagrado Coração de Jesus em Kanyantharyear, com 8 mortos e dezenas de feridos. Padres, religiosos e freiras de 16 paróquias da diocese foram obrigados a abandoná-las e a buscar refúgio em outros locais.