Quinta-feira, 24 de Março de 2022
1. DANOS À BASÍLICA DE BARI: SIMPLES ROUBO OU PROTESTO CONTRA A GUERRA NA UCRÂNIA?
Foi registrado um roubo na Basílica de São Nicolau de Bari. O ladrão levou um anel de ouro das mãos da estátua do santo, o Evangelho com as três esferas de prata e um medalhão. No exterior, numa das paredes do edifício, uma placa comemorativa da peregrinação que Vladimir Putin tinha feito cerca de 20 anos antes, foi danificada. Mais do que material, esses danos têm um forte valor simbólico, no contexto da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, especialmente desde que a Basílica de São Nicolau foi escolhida pelo Papa Francisco devido à sua posição geográfica para representar uma ligação entre o Oriente e o Ocidente. Foi também aqui que o pontífice argentino estava inicialmente previsto para se encontrar com o Patriarca de Moscovo, Kirill, no ano passado, em Julho. O último encontro entre os dois realizou-se em 2016, e a situação atual sugere que um novo encontro seria útil. Mas onde? Na igreja de São Nicolau? Em qualquer caso, o povo de Bari tomou o roubo como uma afronta, e a devoção pelo seu santo local ficou ainda mais evidente.
Il Mattino, Itália
2. PÓS-PANDEMIA: A ESPINHOSA QUESTÃO DO REGRESSO À IGREJA NOS ESTADOS UNIDOS
O Instituto Pew Research Center publicou um estudo estatístico muito completo sobre a participação dos fiéis na Igreja nos Estados Unidos. A evolução da pandemia tem vindo a permitir que cada vez mais igrejas abram as suas portas, a um ritmo correspondente ao observado em 2019. Embora 43% já tenham voltado ao normal, 47% ainda têm horários ajustados por medidas de segurança sanitária e 5% ainda estão totalmente fechadas. Quando inquiridos em Março de 2022, 69% dos católicos que iam à missa pelo menos uma vez por mês regressaram à sua rotina normal. No entanto, 40% deles também assistem à Missa na televisão ao mesmo tempo - uma prática que normalmente não é comum entre os católicos. Embora os analistas do Instituto Pew reconheçam que o impacto da pandemia ainda é "difícil" de avaliar, eles salientam que os católicos - tal como as igrejas protestantes - estão a ter mais dificuldade em reavivar a participação presencial nas igrejas do que os evangélicos.
Pew Research Center, EUA
3. QUAL A RAZÃO DO APOIO DA IGREJA RUSSA À GUERRA DE PUTIN?
O apoio do Patriarca Kirill à invasão russa da Ucrânia levou os críticos a concluir que o Patriarcado de Moscou é agora "apenas um braço do Estado". Contudo, para o professor de religião americano Scott Kenworthy, "a realidade é muito mais complicada". O estudioso ortodoxo oriental explica que, após a dissolução da União Soviética, numa sociedade desviada, Kirill promoveu uma crítica influente do liberalismo ocidental, do consumismo e do individualismo. Ele ajudou a desenvolver a ideia do "mundo russo", promovendo a civilização russa, as ligações com falantes de russo em todo o mundo, e uma maior influência russa sobre a Ucrânia e a Bielorrússia. Kirill procurou recatequizar a sociedade, afirmando que a ortodoxia russa é central para a identidade, patriotismo e coesão russa - e para um Estado russo forte. Em retrospecto, a ortodoxia tornou-se um dos pilares centrais da imagem da identidade nacional de Putin. Contudo, com a guerra actual, o patriarca alienou os ortodoxos ucranianos que permaneceram leais ao patriarcado de Moscou, e uma cisão mais ampla está claramente a fermentar, conclui o perito.
The Conversation, EUA
4. O LEGADO DE BENTO XVI À IGREJA
Numa entrevista, o Bispo de Passau, Stefan Oster, sublinha a importância do trabalho teológico de Bento XVI. Ele concentra-se especialmente na forma como o Papa emérito interpreta a Bíblia "com uma profunda visão teológica e filosófica - que é sempre capaz de compreender a relevância concreta e existencial das questões das pessoas de hoje, e de interpretar em particular as questões do significado" da vida. Segundo o prelado alemão, a Igreja "será capaz de se apoiar na herança espiritual e intelectual de Bento XVI durante muito tempo". Dom Oster também vê a crise climática e ambiental, a migração global, e a perda do sentido religioso como um apelo para que a Igreja tome uma nova direção.
Katholisch.de, Alemanha
5. CRUCIFIXO LEVA UM MUÇULMANO INDONÉSIO À FÉ CATÓLICA
Nascido numa família muçulmana na Indonésia, Vicky Adam Ubaid Akram teve um sonho surpreendente que o levou a converter-se ao catolicismo. No sonho, ele andava por um beco que tinha muitas casas de culto, incluindo mesquitas, templos e igrejas de ambos os lados. Contudo, enquanto caminhava, os seus olhos permaneciam fixos numa igreja católica com um crucifixo no topo. Teve então a sensação de cair no seu sonho e ficou assustado. "Nessa posição de queda, olhei novamente para cima e os meus olhos ainda estavam fixos no crucifixo", recordou Vicky. Começou então a ler mais sobre o catolicismo e gradualmente começou a visitar a igreja católica na cidade de Malang. Disse que em 2018 já tinha começado a sentir "um deserto espiritual" no Islã e nas orações e rituais que fazia sozinho e com a sua família. Quando se mudou para a capital indonésia, Jacarta, em 2020 registou-se como catecúmeno e começou a frequentar aulas de catecismo. Em 18 de Dezembro de 2021 Vicky foi batizado com o nome de Giovanni.
UCANews, EUA