Ao aceitarmos Jesus em nossas vidas e buscarmos viver e agir de acordo com os seus ensinamentos, começamos a trilhar um caminho que na verdade não tem um ponto de chegada, é uma busca constante pelo aprimoramento e pela elevação espiritual. O que requer disciplina, compromisso e dedicação com a doutrina católica.
Iniciada esta caminhada, não é incomum em algum momento o indivíduo atingir estados de plenitude, de consciência elevada ou de paz no coração, dádivas às quais está sujeito qualquer um que aceite Jesus em sua vida e preserve, junto com ele, a pureza de pensamentos.
Apesar de momentos de maior luz e lucidez, continuamos humanos e a trajetória rumo à elevação é um compromisso para a vida. No entanto, ao experienciar a dádiva que é sentir Jesus no coração, não é incomum que o fiel atinja um estado de deslumbramento e, sem ter a devida consciência disso, passe a capitalizar a elevação espiritual em prol do individual, do ego ou da vaidade, o que tem efeito diametralmente contrário à Graça Divina.
Importância da humildade
Como disse Papa Francisco em Audiência Geral em dezembro do ano passado: "Só a humildade é o caminho que nos conduz a Deus e, ao mesmo tempo, porque nos conduz a Ele, nos leva também ao essencial da vida, ao seu verdadeiro significado, à razão mais fiável pela qual vale a pena viver a vida. Só a humildade nos abre à experiência da verdade, da alegria genuína, do conhecimento que conta".
Pela minha interpretação, na fala o Pontífice expôs como, ao agir de acordo com os ensinamentos da Bíblia, seguindo a Palavra de Cristo, recebemos Deus, que passa a caminhar ao nosso lado, em nossas vidas. Ao distorcermos a finalidade da Graça Divina de modo a servir a algum propósito individual como a vaidade, imediatamente perdemos essa luz que nos guia.
“Sem humildade, estamos ‘desligados’ da compreensão de Deus e de nós mesmos. Os Magos podiam ter sido grandes de acordo com a lógica do mundo, mas tornam-se pequenos, humildes, e por esta mesma razão conseguem encontrar Jesus e reconhecê-lo. Aceitam a humildade de procurar, de partir, de perguntar, de arriscar, de cometer erros”, discorreu o Papa.
A graça e a iluminação chegam em nossas vidas com um propósito: oferecer-nos nada menos do que uma participação na vida de Deus e introduzir-nos na intimidade da vida trinitária. Em consequência disso, podemos ser auxiliares na elevação espiritual do próximo. Mas ao cairmos na armadilha de nos colocarmos em um lugar de superioridade, acabamos por afastar pessoas que ainda não encontraram a luz, mas já estão em busca dela. E com isso também nos distanciamos da graça e da luz divina.
O propósito desta caminhada na Terra talvez seja mesmo o aprendizado. E o preço da consciência é a eterna vigilância. Não do próximo nem da conduta de terceiros, mas de nós mesmos.