Hoje não é raro viver muitos anos depois da aposentadoria. Mas como fazer frutificar este tempo que temos à disposição? Esse foi o questionamento do Papa Francisco na catequese desta quarta-feira aos peregrinos na Praça de São Pedro.
"Vou para a aposentadoria hoje, e serão muitos anos, e o que posso fazer, nesses anos, como posso crescer – a idade cresce sozinha – mas como posso crescer em autoridade, em santidade, em sabedoria?", perguntou o Papa.
Para muitos, a perspetiva da aposentadoria coincide com um merecido e desejado descanso de atividades exigentes e cansativas. Mas – segundo Francisco – também acontece que o fim do trabalho represente uma fonte de preocupação e seja esperado com uma certa inquietação.
Netos
Nesse sentido, o Papa reconheceu que há o compromisso, "alegre e cansativo" de cuidar dos netos, "e hoje os avós desempenham um papel muito importante na família para ajudar a criar os netos"; mas "sabemos que hoje em dia nascem cada vez menos filhos, e os pais estão frequentemente mais distantes, mais sujeitos a deslocamentos, com situações de trabalho e de habitação não favoráveis".
Acontece também de os pais estarem mais relutantes em confiar aos avós espaços de educação, e só lhes concedem aqueles estritamente ligados à necessidade de assistência.
Reformulação
Mas, perguntemo-nos – prosseguiu o Papa –, será que fazemos este esforço de “reformulação”? Ou será que simplesmente sofremos a inércia das condições materiais e económicas?
Judite
O Papa falou então sobre a velhice da heroína bíblica Judite, que fica viúva cedo e não teve filhos, mas na velhice pode viver um tempo de plenitude e serenidade, consciente de ter vivido até ao fundo a missão que o Senhor lhe confiara.
"Para ela é o tempo de deixara boa herança da sabedoria, da ternura, dos dons à família e à comunidade: uma herança de bem e não só de bens. Quando se pensa em herança, às vezes pensamos nos bens, e não no bem que se pratica na velhice e que foi semeado, aquele bem que é a maior herança que podemos deixar", disse.