Nunca é fácil discutir temas controversos com amigos, familiares ou mesmo estranhos; é ainda mais difícil fazer isso nas redes sociais, que estão repletas de opiniões raivosas.
A Aleteia entrou em contato com Mary Lenaburg, uma popular oradora, escritora e influenciadora católica americana, já que nos Estados Unidos o tema "aborto" veio à tona recentemente. Lenaburg acredita que liderar com amor é a única maneira de articular uma visão pró-vida. Ela compartilhou conosco suas dicas sobre como responder aos comentários on-line acerca do aborto.
Aleteia: Quando se trata de comentários e postagens nas redes sociais que são pró-escolha ou que criticam a posição pró-vida, devemos ignorá-los? Envolver-nos com eles? Desafiá-los? Muitos não querem perder amigos ou criar tensão com eles, mas nos sentimos mal por não dizermos nada.
Mary Lenaburg: Eu nunca fui de desistir de uma conversa difícil. Acredito que o silêncio, especialmente quando se trata de questões como a dignidade da vida, é moralmente mortal. Como as pessoas saberão o que acreditamos, como cristãos católicos, se não lhes dissermos a verdade com amor e misericórdia? Se a conversa toma um rumo negativo ou fica desagradável, eu permaneço paciente e positiva. Uma vez que você entra na emoção, você perde o argumento.
Descobri que evitar o assunto, na verdade, cria mais tensão do que simplesmente ser honesta. Se eles decidirem se afastar de sua amizade, então - eu odeio dizer isso - eles nunca foram seus verdadeiros amigos. Há muitas pessoas em minha vida que diferem de mim tanto em relação à política quanto à religião, mas continuamos amigos. Minha prática é manter a porta aberta e um lugar à mesa, sempre.
Como podemos testemunhar a vida sem isolar os outros?
Todos nós fomos catequizados de maneira diferente e nossas experiências afetam diretamente nossa resposta em qualquer situação. Ouça o que dizem os corações dos outros e fale a verdade com amor e misericórdia. Mesmo que eles nos rejeitem, devemos amá-los. É a única resposta.
Como você responderia a um comentário ou postagem como: “Feliz Dia das Mães para todas as mães que tiveram que escolher ser mães”?
Quando ouço declarações como estas, tudo o que ouço é a dor. Algo aconteceu ao longo do caminho em sua formação sobre questões relativas à dignidade de cada vida. Todas - exceto aquelas que foram violadas - têm uma escolha a fazer. Elas escolhem se querem ou não fazer sexo. É aí que a escolha é feita. Uma vez concebida uma criança, ela é outra vida a ser considerada.
No caso de estupro ou incesto, é horrível e meu coração sangra por essas mulheres. Mas mesmo nas circunstâncias mais horríveis, Deus permitiu que uma vida fosse formada. Essas mulheres não escolheram, mas isso não significa que as crianças devam ser assassinadas por causa da forma como geradas.
Toda vida é importante. Cada uma delas. Não importa suas habilidades ou deficiências, como foram concebidas ou a família em que nasceram. Cada um é feito à imagem e semelhança de Deus - e todos merecem viver.
Você sempre foi pró-vida?
Sim, sempre fui pró-vida. Lutei no ensino médio quando uma amiga engravidou e seus pais a expulsaram de casa. Meus pais lhe ofereceram assistência e ajudaram a encontrar seu porto seguro. Lembro-me de como minha mãe era encorajadora e gentil ao falar com ela. Ela só queria ver minha amiga e seu bebê seguros e bem cuidados. Sem estigma. Sem julgamento, apenas amor. Aprendi a cuidar das pessoas da mesma forma. Ela liderou pelo exemplo.
Qual parte da mensagem pró-vida você considera mais convincente ou convidativa?
Acho que a parte mais convidativa da mensagem pró-vida é que desejamos muito cuidar da mãe e do filho. Não atendemos apenas quando a mãe está grávida, mas há muitos serviços disponíveis para caminhar com elas após o parto.
Outra parte do movimento pró-vida que fala ao meu coração é como caminhamos com aqueles pais que receberam um diagnóstico terminal. Nos reunimos em torno da família para celebrar cada marco da vida durante a gravidez. Depois, caminhamos com a família pelo vale da dor.
Enfim, cada vida é preciosa e deve ser celebrada, não importa as circunstâncias de seu nascimento. Precisamos fazer um trabalho melhor para ensinar nossos jovens a entenderem como Deus os vê, para reforçar sua dignidade e valor. Também precisamos fazer um trabalho melhor, acompanhando quem se encontra em circunstâncias tão desesperadoras que até mesmo considerariam um aborto. Em suma, precisamos parar de julgar e começar a amar.