Há uma imagem marcante que Jesus usa para nos explicar como a fé recria a nossa relação com Deus. Jesus diz que Ele está presente em nós, no fundo dos nossos corações. Mas a sua presença em nós inclui implicitamente o fato de que o Pai está no fundo do seu coração. Parece uma espécie de matryoshka (boneca russa) espiritual em que quanto mais abrimos, mais chegamos a Deus, e ao próprio Céu.
Jesus está a dizer a cada um de nós que temos o Céu dentro de nós, e que se estamos à procura de Deus devemos procurar no Seu coração, e para encontrar o Seu coração devemos procurar no nosso próprio. Muitas vezes pensamos que o caminho que leva ao Céu é um caminho no espaço, nas nuvens. Mas o caminho para o Céu tem um portal sagrado, que é a nossa interioridade.
O Céu não coincide com o nosso mundo interior, mas este último é, por assim dizer, a sua antecâmara. Aqueles que não mergulham em si próprios não podem sequer encontrar verdadeiramente Deus. É por isso que o mal quer sempre que vivamos fora de nós, alienados, concentrados em coisas fora de nós, distraídos, exasperados, absorvidos em mil problemas. Rezar significa cruzar o limiar do nosso coração e encontrar Cristo, e cruzar outro limiar em Cristo para encontrar o próprio Pai. E tudo isto, porém, só é possível porque o Espírito Santo o torna possível.