Desde meados de março, quando a pandemia completou dois anos e as medidas restritivas foram abandonadas quase por completo, a impressão é de que não existe mais Covid. Bares e restaurantes lotados, jogos e eventos em estádios também, shoppings apinhados de gente e aquela euforia da vida voltando ao normal. Com a maioria das pessoas sem máscara. Realmente conheço poucos que não estejam se regozijando de poderem voltar a sair, passear, ver gente e confraternizar com aqueles de quem gostam.
Mas, para nossa frustração, os números de infecções de Covid-19 voltaram a saltar. Durante o mês de abril foi registrado. Em 26 de abril, a média móvel foi de 14.600 novos diagnósticos nos sete dias anteriores. Já em 31 de maio, o número saltou para 26.032. Epidemiologistas já falam em uma quarta onda da doença e apontam a diminuição na imunidade oferecida pelas vacinas, que é de dois meses em média, o afrouxamento das medidas preventivas
Quando pensamos em números absolutos, 26 mil casos em uma população de 210 milhões de pessoas realmente pode não parecer grande coisa. Mas basta lembrar que a Covid começou, supostamente, com um único caso na China e em poucos meses se alastrou por todo o planeta. Ou seja, talvez seja cedo para alarde, mas é prudente retomar alguns cuidados básicos, como usar máscara em locais fechados e evitar aglomerações desnecessárias.
Queda histórica
Entretanto, ao mesmo tempo o número de casos teve aumento de 78,3%, o número de mortes sofreu uma queda histórica no último mês de maio. Foram 3.176 óbitos registrados por Covid, o menor número mensal de mortes desde o começo da pandemia. Então como explicar a tendência aparentemente contraditória entre números de casos e mortes no país? Simples: vacina.
"As vacinas não são instrumentos mágicos de cura, mas representam certamente, junto aos tratamentos que estão sendo desenvolvidos, a solução mais razoável para a prevenção da doença", disse Papa Francisco, em seu tradicional discurso no início do ano ao corpo diplomático, em janeiro deste ano. "É importante que os esforços continuem para imunizar a população o máximo possível."
Proteção
Com 78,2% dos brasileiros tendo tomado ao menos a primeira dose e 60,7% totalmente vacinada, o vírus segue se disseminando, mas mata bem menos quando o infectado já está imunizado. Quanto mais doses, maior a proteção. De modo que voltamos a aglomerar como se não houvesse amanhã, especialistas já falam em uma quarta onda da doença e mesmo assim, o número de mortes segue em descendência.
Por isso é importante se manter atualizado com relação às vacinas. Todos os grupos etários já foram contemplados com a terceira dose e maiores de 60 anos e os membros do chamado grupo de risco com a quarta. Ontem o Ministério da Saúde autorizou a quarta dose para maiores de 50 anos, a medida já está em prática no Distrito Federal e em algumas cidades como Maceió.
Pelo visto ainda vamos conviver com um bom tempo com o vírus da Covid-19. Mas, nesta quarta onda, temos a vacina como arma. Façamos máximo uso dela para os efeitos não serem tão devastadores quanto nas anteriores.