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Como a Igreja escolhe os bispos?

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Ricardo Sanches - publicado em 21/07/22
A escolha de um bispo pode impactar a jornada de uma determinada diocese ou arquidiocese por décadas

Recentemente, houve mudanças na composição dos membros do Dicastério para os Bispos, um organismo da Cúria Romana que, entre outras particularidades, tem a função de auxiliar o Papa na escolha dos bispos para as dioceses de todo o mundo.

Mas você já se perguntou é feita essa escolha? Trata-se de um processo complexo e minucioso, já que a nomeação dos novos pastores pode impactar uma diocese ou arquidiocese por décadas.

De fato, esse processo começa quando existe uma vaga aberta na diocese, o que pode acontecer em decorrência de casos de doença do bispo, transferência para outra diocese, aposentadoria (a partir dos 75 anos) ou em caso de morte.

Quando informados da vaga, os núncios apostólicos, que são os representantes do Papa nos países, iniciam o trabalho de pesquisa dos possíveis novos bispos. Com base em uma lista de nomes indicados por bispos e padres de outras dioceses próximas, o núncio analisa perfis e entrevista clérigos e leigos para checar informações. Tudo é feito de forma sigilosa. Depois desta seleção, envia a Roma um relatório com os nomes dos sacerdotes que poderiam servir como bispos diocesanos.

O Dicastério para os Bispos

Atualmente sob o comando do cardeal canadense Marc Ouellet, o Dicastério para os Bispos é responsável por fazer a análise do dossiê de autoria do núncio apostólico.

Atualmente, 25 bispos e cardeais de várias partes do mundo formam o Dicastério, além de duas religiosas e uma leiga recentemente nomeadas pelo Papa Francisco. Os membros se reúnem a cada duas semanas e estudam 12 perfis em cada sessão. São consideradas as qualidades e limitações dos indicados – fé, capacidade de acompanhamento, liderança, espiritualidade, qualidades humanas, além das particularidades da diocese onde há a vaga e se o perfil do sacerdote se enquadra nestas características.

Concluída a reflexão, o prefeito do Dicastério apresenta ao Papa a "terna", ou seja, uma lista com três nomes que passaram pelo crivo da congregação. Nesta lista, os indicados aparecem em ordem de preferência da congregação (1.º, 2,º e 3.º lugares) e cada um com suas justificativas.

A escolha do Papa

De posse da "terna", o Papa pode fazer uma de quatro coisas: concordar com o nome recomendado pelo dicastério, escolher outro candidato da lista, pedir que uma nova terna seja apresentada ou, o que é mais improvável, escolher seu próprio candidato.

A decisão do Papa é informada ao Dicastério e ao núncio, que tem a missão de informar o possível futuro bispo nomeado. Vale lembrar que o nomeado pode recusar o cargo episcopal, mas isso é raro.

Quando a resposta é afirmativa, o núncio combina com a Santa Sé a data para fazer o anúncio da nomeação. Geralmente, há um período de duas a quatro semanas antes do anúncio público. Durante este tempo, o eleito não pode revelar sua nomeação.

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