"Alice no País das Maravilhas" não foi um livro que me entusiasmou muito, mas coisas boas podem sair de tudo. E eu, da história de Lewis Carroll, adotaria (se me deixassem) a ideia de festejar os "não-presentes". Sendo este mês uma época festiva em nossa casa, com muitos aniversariantes, decidimos também celebrar os "não-presentes", como em Alice. Esta semana fizemos a nossa estreia, e, sempre que podemos, começamos da mesma forma, com o melhor presente: ir à Missa juntos, e oferecê-la pelo aniversariante.
Socialmente, crescemos com a tradição de pedir e oferecer Missas apenas para os falecidos. Não me interpretem mal, isso é ótimo. Mas que pena não poder desfrutar de tal dom o mais depressa possível! Sabia que a Santa Missa é o ato mais poderoso para expiar os pecados? Imagine a família inteira a pagar a dívida do aniversariante.
Na hora da morte, a maior consolação para a alma virá das Missas atendidas em vida. Se se participa da Santa Missa com devoção, Jesus Cristo perdoa os pecados veniais que ainda não foram confessados, e diminui o poder de Satanás sobre a alma. Este fato impressionou-me poderosamente: uma Missa bem participada durante a vida será mais benéfica para a alma do que muitas oferecidas após a morte. Consegue pensar num presente melhor?
Obrigado por…
Há já alguns anos que nos levantamos cedo para que, antes do café da manhã, o convidado de honra já tenha recebido o nosso melhor presente. Um presente que durará para a eternidade, um presente que alcança sempre o que precisa, um presente sem efeitos secundários prejudiciais (o mesmo não se pode dizer dos chocolates), e que também recompensa o doador.
De fato, é a melhor maneira de olhar para o Céu: para dizer obrigado por esta vida, por estes anos, por esta criança; para reparar tantas coisas que acreditamos ter feito mal com aquela criança; e para pedir ao Senhor "por favor, continue a cuidar dele(a), para que não se afaste de Si"; para Lhe implorar que olhe para toda a família, e que nos vejamos assim, todos juntos com Ele no Céu; não podemos perder nenhum deles!
Outro benefício de celebrar a festa desta forma é que pode reunir aqueles que já não estão conosco, os "não-presentes", graças à magia dessa rede virtual que temos na comunhão dos santos: estaremos mais unidos do que nunca a rezar por um dos nossos entes queridos.
Tradição
Em relação a esta tradição na nossa família, fiquei particularmente entusiasmado ao ouvir um testemunho de Tamara Falcó, contando como no Natal a sua avó materna lhes dava um papel como presente que dizia: "Vale uma Missa". Ela e os seus irmãos olhavam um para o outro com uma cara meio sem graça… Mas, quando chegarmos à linha de chegada, descobriremos o quanto essas Missas foram fundamentais.
E, depois de irmos todos juntos à Missa, um delicioso café da manhã com a melhor louça e pãezinhos que conseguirmos encontrar. Ao meio-dia, comida favorita, bolo, velas e outros presentes.
Não sei se o convenci a celebrar os aniversários desta forma, mas ajudou-me a perceber que não é bom perder as festividades. Que temos de festejar cada celebração como aquilo que é: uma oportunidade, um momento especial, único e irrepetível… Por que não?