Não precisamos necessariamente do dom da fé para perceber como a vida por vezes faz cortes drásticos que nos marcam de forma indelével. A grande questão que devemos colocar-nos, contudo, é o peso que esses cortes têm na nossa existência. O Evangelho de João 15, 1-8 (íntegra abaixo) parece querer responder a esta questão:
Jesus parece estar a dizer que não há maneira de evitar "os cortes"; a fé não é um amuleto da sorte que nos afasta das desgraças da vida.
A experiência da fé é poder experimentar "um corte" com um propósito maior: tornar-se mais frutuoso do que antes.
De fato, por vezes antes de algumas coisas nos acontecerem vivíamos pelas aparências, dando importância a coisas fúteis, mas depois de algumas experiências fortes e muitas vezes dramáticas deixamos de dar importância a certas coisas inúteis e começamos a viver para o que interessa.
Claro que isto não é um mecanismo automático: não basta sofrer um corte para dizer que isto traz melhorias.
Por vezes, certas coisas levam-nos a experimentar a verdadeira morte interior porque não temos uma razão real para viver. Encontrar Cristo é encontrar uma fundação suficientemente grande para transformar uma perda numa poda. Mas isto também é um dom, não uma técnica. E os dons podem ser pedidos e esperados com grande humildade.