O Opus Dei respondeu a uma reportagem veiculada nesta semana pela BBC sobre a acusação de explorar mulheres como empregadas domésticas na Argentina.
Segundo a matéria da rede britânica, um grupo de 43 mulheres argentinas, paraguaias e bolivianas denunciou a organização católica ao Vaticano, em setembro de 2021, e está pedindo "compensação financeira e reconhecimento público da Igreja" a respeito da exploração que relatam ter sofrido.
A denúncia
De acordo com a reportagem, as mulheres denunciantes procedem de "famílias de baixa renda" e, quando tinham entre 12 e 16 anos, "foram levadas para Buenos Aires nos anos 70, 80 e 90" com a promessa de receber educação. Nas instalações do Opus Dei, prossegue a matéria, "receberam capacitação em tarefas domésticas" e teriam sido induzidas a "trabalhar de graça para membros de alto escalão e sacerdotes" da prelazia.
Alicia Torancio, uma das denunciantes, acusa a prelazia de "lavagem cerebral":
Ela acrescenta que não foi paga pelo seu trabalho, sofreu de depressão e não confia na comissão criada pelo Opus Dei para investigar as denúncias:
Ela espera que o Opus Dei "reconheça publicamente o que nos fez" e reforça que, a serviço da prelazia, ainda "há mulheres mais velhas com muitos problemas de saúde por causa de tanto trabalho e que nem podem se aposentar".
A resposta do Opus Dei
Josefina Maradiaga, porta-voz da prelazia na Argentina, informou mediante nota à agência de notícias ACI Prensa que a reportagem da BBC "compila denúncias feitas há mais de um ano através de diferentes meios de comunicação", como a agência Associated Press e o jornal argentino La Nación. Em ambos os casos, prossegue ela, a prelazia havia respondido dizendo-se aberta a ouvir as denúncias, investigar os fatos e "receber, acompanhar e pedir perdão àqueles que estiveram em contato ou fizeram parte do Opus Dei e não soubemos atender com a generosidade e com o afeto de que precisavam".
Em comunicado de 23 de junho, o Opus Dei afirmou que o pe. Juan Llavallol, seu vigário para a Região do Rio da Prata, já "se reuniu com a pessoa que se apresenta como porta-voz das mulheres, o advogado Sebastián Sal, no dia 5 de novembro de 2021, com uma atitude aberta e de escuta para abrir caminhos de diálogo".
Segundo a mesma nota, "apesar da vontade da prelazia em abrir canais que permitissem compreender os argumentos e detalhes da situação de cada uma dessas pessoas, não foi possível conhecer e tratar cada caso pessoal e individualmente, gerando um impedimento para dar uma resposta adequada a cada pessoa".
As declarações de Josefina Maradiaga feitas à agência ACI Prensa complementam:
A responsável pela comissão de escuta do Opus Dei no tocante a esta denúncia de exploração de atividades domésticas é a canadense Monique David.