Já há algum tempo eu verifiquei, tanto nas redes sociais como na minha vida privada, que a ordem das prioridades no amor é motivo de escândalo. Quero dizer que, na escada do coração, o amor por seu marido ou sua esposa deve estar mais alto que o amor por seus filhos. E, acredite, muitas pessoas colocam as mãos na cabeça (literalmente) quando ouvem esta declaração.
Gostaria, então, de dar a estas pessoas uma explicação calma de por que esta ordem é boa. Para isso, preciso recordar uma frase de Dom Fernando Ocáriz, prelado do Opus Dei. Ele diz o seguinte:
Da mesma forma, em um coração com sentimentos ordenados há espaço para mais amor e mais pessoas.
Ordem dos sentimentos
Se você tem consciência de que o amor da sua vida é e deve ser seu marido ou sua esposa, você vai amar seus filhos de uma forma mais saudável e profunda (é bom lembrar que o coração é um músculo capaz de se dilatar para caber todos eles).
Essa ordem dos (e nos) sentimentos fará com que você passe a desejar o melhor para seus filhos, mesmo que o melhor para os filhos não seja o melhor para você, mesmo que doa sentir falta deles. Essa ordem irá preparar você para a solidão que a partida deles acarreta. Também fará com que você tenha consciência de que, em algum momento, terá de aprender a conviver com o buraco que os filhos deixarão em sua alma.
Assim, educaremos crianças livres, que decidirão seu futuro sem medo, crianças que terão consciência de que não fazem mal a ninguém ao fechar a porta do ninho e voar.
De fato, os filhos precisam crescer vendo que a mãe é a prioridade do pai (e vice-versa) desde o casamento. Lembre-se: "um homem deixará seu pai e sua mãe, e se unirá à sua mulher, e os dois serão uma só carne…"
Filhos, estão em segundo plano, e assim deve ser. E se seu filho não compreende isso, tome um café com ele, porque você precisa lembrá-lo disso.
Perder a pole position nos faz vencer
Se entenderem bem essa "prioridade do amor", os pais não vão querer competir com o amor dos genros e noras pelos filhos e filhas. Eles saberão que para vencer, para que as coisas corram bem, terão que perder a pole position com os filhos, serem rebaixados para o segundo lugar. E eles também saberão muito bem que isso não significa que seus filhos os amem menos.
Além disso, a ordem desses sentimentos servirá para nos lembrar que nossos filhos - que tanto nos machucam, mas que tanto amamos - não são nossos: só nos são confiados seus cuidados por um tempo. Mas seu marido ou sua esposa, a quem você prometeu fazer feliz pelo resto de sua vida, pertence a você. Seu cônjuge vai acompanhar você até a morte.
Amar de uma maneira mais perfeita
Essa ordem de sentimentos não significa que amamos menos nossos filhos, mas significa que vamos amá-los de uma maneira mais perfeita, mais correta, que também nos fará amar e valorizar nossos genros e noras - e sem atirar neles a culpa por nos deixar.
Essa ordem nos sentimentos melhora tudo. O Senhor quer nos ensinar desde o primeiro mandamento: “Amarás a Deus sobre todas as coisas”. Um mandamento que é difícil para todos nós entendermos. Amar a Deus mais do que seu marido ou esposa, seus filhos, seus pais e seus irmãos parece indicar que você deve relegar seus entes queridos a segundo plano. Mas não é isso.
Quando o Senhor nos manda amar a Deus sobre todas as pessoas e todas as coisas, é porque Ele sabe que esta ordem nos ajudará a amar os nossos entes queridos da maneira mais intensa e perfeita, sem desvios, sem toxicidades. Aprenderemos, portanto, a amá-los da melhor maneira possível.