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Nicarágua: está acabando a comida do bispo sequestrado pela ditadura

Bispo sequestrado pela ditadura da Nicarágua
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Francisco Vêneto - publicado em 19/08/22
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A perseguição à Igreja está se estendendo dramaticamente sob o comando de Daniel Ortega

Está acabando a comida do bispo sequestrado pela ditadura da Nicarágua desde o dia 4 de agosto. Dom Rolando Álvarez, da diocese de Matagalpa, está retido pela polícia juntamente com outros cinco padres, dois seminaristas e dois leigos na sede da cúria diocesana.

De acordo com os canais de comunicação da diocese, eles "não receberam alimentos, remédios, roupas ou produtos de higiene" ao longo dos 14 dias de sequestro.

Nesta quarta, 17, dom Rolando participou da transmissão diária do rosário, mas não da Santa Missa, que foi celebrada pelo vigário-geral, monsenhor Oscar Escoto. Ele só contou com meia hóstia para ser consagrada e distribuída em mínimos fragmentos aos demais reféns da ditadura presentes na cúria.

A perseguição contra a Igreja Católica na Nicarágua vem se intensificando desde 2018, quando o clero apoiou a onda de protestos contra o governo em todo o país. O ditador Daniel Ortega, ex-guerrilheiro de esquerda, nunca engoliu a posição da Igreja, que sofre vexações de todo tipo.

A perseguição se estende

A ditadura está ampliando o alcance da perseguição ao clero.

Neste domingo, 14, a polícia impediu dois padres de entrarem na catedral de Matagalpa para recepcionar a imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima. No mesmo dia, foi preso o pe. Oscar Benavidez, sem qualquer acusação formal. Ainda assim, o Ministério Público pede que ele seja condenado a 90 dias de cadeia. De acordo com o jornal La Prensa, ele está detido na Diretoria de Assistência Judiciária (DAJ).

Outros dois outros sacerdotes detidos, o pe. Sebastián López e o pe. Vicente Martín, ambos da paróquia de Santa Lucía, foram transferidos pela diocese a fim de evitar que eles também sejam alvo de prisão arbitrária.

Ainda na diocese de Matagalpa, a paróquia Sagrado Coração de Jesus, em Las Calabazas, denunciou nesta segunda, 15, que a Polícia Nacional postou agentes diante da paróquia para intimidar o pároco, pe. Salvador López, enquanto ele celebrava a Missa.

Recentemente, os canais de rádio da diocese foram censurados e fechados por determinação judicial, sob a alegação de descumprimento de requisitos legais - embora a diocese tenha demonstrado que seguiu todas as exigências impostas para o seu funcionamento.

Apoio de Lula a Ortega

Em novembro de 2021, durante entrevista ao jornal espanhol de esquerda El País e com imediata repercussão em outros veículos de mídia, o ex-presidente brasileiro Luis Inácio Lula da Silva, do PT, minimizou a ditadura do companheiro Daniel Ortega e comparou o tempo no poder do ditador da Nicarágua com o da ex-chanceler alemã Angela Merkel e o do ex-presidente do governo espanhol Felipe González:

A lógica foi imediatamente apontada por uma das jornalistas que entrevistava Lula. Considerando que os democraticamente eleitos Angela Merkel e Felipe González estiveram no cargo de modo legítimo durante respectivamente 16 e 13 anos, ela rebateu:

Declarando então que “não pode julgar o que aconteceu na Nicarágua”, Lula fez uma comparação entre as prisões arbitrárias dos oponentes do ditador Ortega com a sua própria prisão no Brasil, efetivada após julgamentos por corrupção e lavagem de dinheiro. Atribuindo a sua condenação a um movimento ilegítimo voltado a facilitar a eleição do atual presidente Jair Bolsonaro, Lula emendou que, se prendeu opositores, Ortega “está totalmente errado”.

Com a repercussão da entrevista de Lula, o PT divulgou nota acusando de falsidade e “má-fé” aqueles que afirmaram que Lula teria apoiado ditaduras de esquerda.

Entretanto, em outra nota do início daquele mesmo novembro, conforme registrado pelo próprio jornal El País, o PT havia chegado a celebrar a eleição fraudulenta de Daniel Ortega, mas depois retirou a nota do seu site. Em matéria de 10 de novembro de 2021, intitulada “PT celebra eleição fraudulenta de Ortega na Nicarágua, mas volta atrás e tira nota do ar”, El País registra:

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