O belo elogio que Jesus faz a Natanael não deve nos distrair de uma consideração maior. De fato, este homem, elogiado por Jesus por ser autêntico e inocente, é o mesmo homem que um momento antes questionou: "Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?"
O Evangelho deliberadamente deixa o caráter dissonante desse duplo aspecto de Natanael para nos lembrar que, embora já seja uma bênção viver sem máscaras, isso por si só não é suficiente para podermos dizer que vivemos e pensamos corretamente. Por exemplo, Natanael terá que abandonar seus preconceitos e perceber que a pessoa que está prestes a conhecer não é apenas de Nazaré, mas também a resposta às esperanças de todos.
Bartolomeu/Natanael é, portanto, o santo padroeiro daqueles que dizem: “Não posso fingir ser alguém que não sou; eu sou como você me vê.”
Se por um lado essas pessoas estão dizendo a verdade, por outro, devem deixar de acreditar que basta ser sincero para poder dizer que também estão do lado certo da verdade. “Os sinceros” são bem-vindos, mas também precisam estar dispostos a aceitar a conversão.
Se para outros a conversão consiste em começar a ser sincero, para eles, consiste em deixar de se autocongratular pela sinceridade. Pois sinceridade sem humildade para se arrepender não é um dom, mas uma forma de orgulho.