A violência anticatólica assola também o Haiti, como se não bastassem todos os dramas do país mais pobre das Américas.
Em entrevista à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), a irmã Marcela Catozza, da Fraternidade Franciscana Missionária, relatou episódios como o incêndio criminoso da catedral de Porto Príncipe, o ataque à sede da Cáritas Haiti e o assassinato de uma religiosa - apenas alguns exemplos num cenário que também inclui sequestros recorrentes de padres e freiras e a morte violenta de outros membros do clero.
O panorama desolador que a irmã Marcela descreve já era grave antes e se agravou mais ainda desde que o presidente Jovenel Moïse foi assassinado em julho de 2021. Ainda não foram realizadas novas eleições, mesmo transcorrido mais de um ano. Nesse ínterim, a luta pelo poder entre facções disseminou a violência extrema pelas ruas, infernizando um país que há décadas é martirizado pela miséria e por calamidades naturais.
O mais pungente para a irmã Marcela, porém, é que o mundo vira a cara sistematicamente para o Haiti:
Violência anticatólica
A religiosa assassinada a quem a irmã Marcela se refere é a italiana irmã Luisa dell'Orto, morta em junho deste ano após duas décadas vivendo no país. A "explicação" fácil e "mais ou menos oficial" é que tenha se tratado de um assalto seguido de morte, mas, para a irmã Marcela, "alguém pagou para matá-la na rua".
Duas semanas depois, a catedral da capital, Porto Príncipe, foi incendiada de propósito - e, pasmem, os criminosos ainda "tentaram matar os bombeiros que chegaram para apagar as chamas". Insatisfeitos, tentaram destruir as paredes da igreja com um caminhão.
A violência anticatólica no Haiti não é recente nem é restrita à capital. A irmã Marcela, que chegou a ficar um ano sem poder ir à Missa devido às gangues que diariamente fecham os acessos ao bairro onde ela vive, comenta a situação em outras áreas:
Em agosto, a capela da Fraternidade Missionária Franciscana também foi incendiada - consumindo desde o altar até os bancos:
No mesmo mês, a irmã Marcela viajou para a Itália e agora está impedida de voltar ao Haiti: