Diante dos cumes das montanhas nevadas ou diante do céu refletido no mar, há uma luz que irradia, que atravessa, que irrompe. Às vezes a beleza da cena é tão grande, que nem adianta tentar descrever.
Este momento de contemplação, que todos podem experimentar, faz bem a todos. No entanto, as ciências do cérebro não são capazes de explicar por que um pôr do sol ou uma obra de arte provocam agitação interior ou grande alegria.
De onde vem esse poder da beleza? Como ele pode transformar interiormente aqueles que o abordam, para, em última análise, torná-los melhores?
A beleza não é um mero ornamento
“A beleza não é um mero ornamento. A beleza é um sinal pelo qual a criação nos mostra que a vida tem sentido", explicou François Cheng em janeiro de 2020. "Com a presença da beleza, de repente, entendemos que o universo vivo não é uma grande entidade neutra e indiferente, mas que é movido por uma intencionalidade".
Beleza unida à bondade
Ao fazer a pergunta sobre a natureza do vínculo entre beleza e bondade, François Cheng dá o exemplo retirado de sua língua materna, o chinês. Para designar uma beleza que se oferece à nossa vista, a linguagem diz hao-kan, que significa “bom de ver”. O chinês, então, tende a "associar instintivamente beleza e bondade", explica. O filósofo ainda acrescenta: “É a graça que se vê através da beleza e é a bondade que brilha sob a graça. Porque a bondade é a generosidade infinita de um princípio de vida que se dá. Esses dois significados da palavra graça - beleza e bondade - são um só."
A beleza nos torna melhores porque exige bondade, afirma François Cheng. Ele explica: “A bondade garante a qualidade da beleza; a beleza irradia bondade e a torna desejável."
Atrás da beleza se esconde o amor de Deus
Bertrand Lethu, filósofo e escritor explica: “Por que uma coisa é boa? Porque há Amor por trás. Por que algo está certo? Porque há Amor por trás. Finalmente, por que uma coisa é bonita? Porque há Amor por trás”. Ele continua especificando que este Amor “sobrepõe-se ao Bom, ao Belo, ao Verdadeiro e ao Justo (Sao Tomás de Aquino) e assim deixa transparecer a presença de Deus”.
Enfim, se alguém busca a beleza, aproxima-s mais facilmente da bondade. Seu impulso para a beleza o torna melhor. Por quê? Porque aproxima o homem daquele que está na origem da beleza. A beleza o orienta a Deus.