"O discípulo a quem Jesus amava". Não creio que haja definição mais bonita que possa descrever o apóstolo João. Ele era o discípulo a quem Jesus amava. Isso não quer dizer que Ele também não amasse os outros, mas certamente esse discípulo tinha um lugar especial no coração de Jesus.
Esse é o grande tema do favoritismo. Não devemos esquecer que, por causa do favoritismo, Caim mata Abel. Não suportamos que alguém seja mais amado do que nós. Mas é precisamente isso que o Evangelho nos anuncia: cada um de nós é como João, é como Abel, é como José, é como Davi; é, em outras palavras, um favorito aos olhos de Deus.
De fato, para sermos mais precisos, deveríamos dizer que o grande predileto de Deus, o único Filho aos Seus olhos, é Jesus. Cada um de nós, ao entrar em comunhão com Ele, participa desse favoritismo.
Realmente, experimentamos a vida espiritual quando deixamos que esse favoritismo nos marque de forma indelével. Mas, em vez disso, gastamos nosso tempo pensando em quanto os outros têm e nós não.
O Evangelho de São João descreve para nós a corrida matinal da Páscoa. Pedro e João correm juntos, mas quando chegam ao túmulo, João deixa Pedro entrar primeiro. O amor sempre vem em primeiro lugar, mas o amor não é suficiente; é preciso discernimento, é preciso Igreja, é preciso relacionamento significativo, é preciso Pedro para reconhecer verdadeiramente a Páscoa.
Enfim, precisamos nos sentir pessoalmente favorecidos aos olhos de Deus (a vida espiritual) e, ao mesmo tempo, necessitados de alguém que nos ajude a discernir a Verdade (a Igreja).