Evangelho de 28 de dezembro, dia dos Santos Inocentes:
Depois de sua partida, um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar”. José levantou-se durante a noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito. Ali permaneceu até a morte de Herodes para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta: Do Egito chamei meu filho (Os 11,1). Vendo, então, Herodes que tinha sido enganado pelos magos, ficou muito irritado e mandou massacrar em Belém e nos seus arredores todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo exato que havia indagado dos magos. Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias: Em Ramá se ouviu uma voz, choro e grandes lamentos: é Raquel a chorar seus filhos; não quer consolação, porque já não existem (Jr 31,15).
(Mateus 2, 13-18).
A dor inocente é, talvez, o argumento que mais grita contra Deus: por que Deus permite o mal? Por que Ele permite que um inocente sofra?
Seria realmente equivocado termos a presunção de responder a uma pergunta que perpassa o coração de toda a história e que é lançada ao céu inúmeras vezes, inclusive nos relatos bíblicos.
Mas dizer que a resposta é um Mistério não significa que o Senhor nos deixe no escuro. No Evangelho deste 28 de dezembro, que descreve o martírio das crianças de Belém, Herodes parece ter o poder de mandar e desmandar sem que ninguém o detenha. Deus parece ausente, mas sabemos que Ele age no coração de José para salvar Jesus:
…um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar”.
É um erro ler este Evangelho pensando que Deus salva Jesus à custa dessas crianças. Salvar Jesus significa salvar o essencial, o sentido, a razão pela qual o mal nunca terá a última palavra.
Salvar Jesus é dizer que Deus sempre deixa viva uma esperança, uma luz, um caminho que nos tira de certas coisas. Mesmo que a dor inocente pareça prevalecer, o Evangelho nos afirma que ela nunca poderá vencer por completo.
É por isso que até a morte dessas crianças é atravessada por uma esperança, um sentido, uma luz que certamente não justifica Herodes, mas não o deixa vencer até o fim.