A tragédia na Boate Kiss completou 10 anos em janeiro de 2023. Duas séries brasileiras recentemente lançadas lembram a noite que deixou 242 mortos por causa do incêndio na casa noturna de Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
As séries têm despertado grande audiência entre os jovens e adultos. Meu filho mais velho, que na época da tragédia tinha apenas cinco anos de idade, quis assistir "Todo Dia a Mesma Noite", disponível na Netflix. A minissérie dramática retrata a história do desastre, o sofrimento dos pais das vítimas e a luta das famílias por justiça.
Eu também assisti à série e me emocionei - assim como todos aqui em casa. E, apesar das cenas pesadas, considerei importante o interesse do meu filho e de outros jovens em saber mais sobre aquele que foi o terceiro pior acidente em casas noturnas do mundo. Isso porque relembrar o desastre pode gerar algumas reflexões essenciais aos jovens de hoje.
Compartilho algumas delas:
1A preocupação e o zelo dos pais têm fundamento?
Os jovens que estão começando a sair de casa à noite para as baladas sempre acham desnecessárias ("micos", na linguagem deles) as preocupações e as inúmeras recomendações dos pais. Sim, queremos saber aonde eles vão, se o local é seguro, se tem alvará para funcionar. Sou daqueles que, literalmente, rezam um sermão e fazem um interrogatório antes de o filho sair com os amigos.
É claro que nada mudará os planos de Deus, mas a experiência dos pais e o conhecimento de casos como o da Boate Kiss podem desencadear um zelo saudável e compreensível, na tentativa de evitar que o pior aconteça aos seus maiores tesouros.
Meu filho, depois de assistir à série e chorar muito com a cena em que os pais entram em um ginásio para reconhecer os filhos mortos, falou: "Pai, agora eu entendo a sua preocupação quando saio de casa. Sei que você não quer me perder".
2Por que Deus permite tanto sofrimento?
O caso da Boate Kiss remete sempre à questão: por que Deus permitiu que 242 jovens no início de suas vidas, começando a faculdade ou suas carreiras e com sonhos brilhantes pela frente tivessem suas vidas podadas de forma tão trágica?
Devo confessar que, aqui na minha família, esse questionamento não passou despercebido - o que é normal. Portanto, uma das missões dos pais cristãos cujos filhos se interessaram em saber mais sobre essa e outras tragédia é abordar a questão sob a ótica da crença na vida eterna.
O exemplo do sofrimento de Cristo no Calvário pode ajudar a elucidar e conformar as almas impregnadas pela angustiante dor e o revoltante sentimento de ausência diante da tragédia e da morte: "Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?"
Gosto muito da explicação do Pe. Paulo Ricardo sobre os motivos pelos quais Deus permite os flagelos. Você pode ler a elucidação clicando aqui ou no artigo abaixo.
Aprofundar neste assunto sob a perspectiva cristã pode ser um rica tarefa, que renderá ensinamentos para toda a vida.
3Justiça divina X justiça humana
Impossível deixar de debater a questão sobre a morosidade do Judiciário brasileiro no julgamento dos responsáveis pela tragédia da Boate Kiss.
Apesar de certa revolta com os trâmites legais do caso, encontramos uma oportunidade para debater sobre a importância do perdão e da justiça.
Como cristãos, não devemos guardar rancor; precisamos esperar que a justiça dos homens faça o seu papel. Os culpados pelo desastre precisam ser responsabilizados pelos atos, mas o julgamento das almas só cabe a Deus.
Resumindo: nós, que vivenciamos a tragédia da Kiss, e os mais jovens, que só agora ficaram sabendo sobre ela, devemos acreditar na justiça divina e continuar rezando para que as famílias das vítimas e dos sobreviventes do desastre encontrem a paz em Nosso Senhor.