O regime teocrático islâmico do Irã condenou o casal Amir Mohammad Ahmadi, de 22 anos, e sua noiva Astiyazh Haghighi, de 21, a nada menos que 10 anos e 6 meses de prisão por terem dançado em público diante da Torre Azadi, um dos principais monumentos históricos de Teerã, a capital do país. Durante a dança, ela não usou o véu islâmico obrigatório, o que as autoridades do regime consideram ofensivo à religião muçulmana.
Ironicamente, o nome da torre significa "liberdade" em farsi, o idioma oficial do Irã, antigamente chamado de persa.
O casal de influencers, que é popular no Instagram, já estava preso desde novembro. Na época, o vídeo que registrava a sua dança estava chegando aos milhões de compartilhamentos nas redes sociais, o que despertou a fúria do regime.
A condenação de Amir e Astiyazh a dez anos e meio de prisão foi emitida nesta terça, 31 de janeiro, por "encorajarem a corrupção e a prostituição pública", bem como pelo "crime" de "reunião com intenção de perturbar a segurança nacional". Sim: a dança, para o regime, teve toda essa gravidade.
O vídeo do casal havia sido gravado e divulgado como parte dos massivos protestos que começaram a espalhar-se pelo Irã em setembro, quando a jovem curda Mahsa Amini, de 22 anos, foi presa exatamente por não usar o véu obrigatório. Depois de três dias detida, ela morreu na prisão.
Desde então, o Irã vem reprimindo brutalmente os protestos da população. Segundo ONGs de defesa dos direitos humanos, a repressão já teria causado mais de 400 mortes e 14 mil prisões. Mais de uma dezena dos presos foi condenada à morte - e três delas já foram executadas.
Amir e Astiyazh, além de sentenciados a mais de dez anos de cadeia, também foram proibidos de usar a internet e de deixar o país - o que, obviamente, eles não poderiam fazer de qualquer forma estando presos.
Segundo familiares dos noivos, eles não tiveram sequer direito a advogados durante o julgamento e seus pedidos para pagar fiança foram sumariamente negados.