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Tradução Ecumênica da Bíblia (TEB): preciosidade e controvérsias

Bíblia
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Vanderlei de Lima - publicado em 05/02/23
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Entenda por que a TEB é uma preciosidade, junto com a Bíblia de Jerusalém

Este artigo é dedicado à Tradução Ecumênica da Bíblia (TEB) publicada pelas Edições Loyola.

Logo de início, os organizadores escrevem: “A versão em língua portuguesa segue a edição francesa, não só nas Introduções e Notas, mas também no texto bíblico propriamente. Contudo, por ter sido cuidadosamente cotejado com os originais hebraicos, aramaicos e gregos, nossa tradução pode ser considerada ‘tradução dos originais’” (p. XIV). Notemos que a Introdução a cada livro é preciosa. Forma, por assim dizer, como que um bom “Curso Bíblico” aos leitores interessados.

A respeito de pontos que levantam controvérsias entre católicos e protestantes, podemos citar, por ora, dois: a virgindade perpétua de Maria e o primado de Pedro.

A propósito da virgindade perpétua de Nossa Senhora, dogma da fé católica, veja-se Mt 1,24: “Ao despertar, José fez o que o Anjo do Senhor lhe prescrevera: acolheu em sua casa a sua esposa, mas não a conheceu até quando ela deu à luz um filho, ao qual ele deu o nome de Jesus”. Diz a nota m: “Um filho. Na linguagem bíblica, o verbo conhecer pode designar as relações sexuais (Gn 4,1.17; cf. Lc 1,34 nota). A intenção de Mt é frisar que Maria era virgem quando Jesus nasceu. Pode-se pensar na maneira como, no AT, Deus protegeu a gravidez de Sara e a de Rebeca até o nascimento de Isaac e de Jacó, pai do povo eleito (Gn 20;26). Será que Maria teve, ulteriormente, relações conjugais com José? Nada se pode concluir deste texto”.

Sobre o primado de Pedro, em Mt 16,18, a nota n destaca que para os católicos os sucessores de Pedro – os Papas ou os Bispos de Roma –, ao longo da história, herdam o primado a se aplicar até hoje. Os ortodoxos afirmam que todos os seus bispos integram-se na sucessão de Pedro e dos demais apóstolos. Já os protestantes ensinam ser o primado de Pedro cabível apenas a Pedro; portanto, não se estenderia aos seus sucessores. 

A pergunta a ser feita é: Por que há essas lacunas nas respostas? – Porque é uma tradução ecumênica a envolver católicos, ortodoxos e protestantes. Ora, para o católico tanto a virgindade perpétua de Maria quanto o primado de Pedro são pontos claríssimos, pois lemos a Bíblia à luz da Tradição Divino-apostólica e do Magistério da Igreja, única garantia certa das verdades de fé (cf. Catecismo da Igreja Católica n. 75-100 e 113).

Vêm ainda ao caso dois vocábulos geradores de polêmicas. 1) Em Jo 2,4, o termo “mulher” com o qual o Senhor se dirige à sua mãe é bem esclarecido na nota w a anotar: “O uso da palavra mulher não implica nenhum matiz pejorativo (19,26), ele se conforma sobretudo aos costumes helênicos (ver também 4,21; 8,10; 20,13.15)”. Esta explicação tem seu complemento em Jo 19,26-27, nota c, a dizer: “Lit. a mãe. A partir do versículo 26, Jo não fala mais das mulheres, mas somente de Maria e do discípulo amado. Cf. 13,23 nota”. 2) A nota r de Mt 12,46, assim escreve sobre os irmãos de Jesus: “Na Bíblia, como ainda hoje no Oriente, a palavra irmãos pode designar tanto os filhos da mesma mãe, como os parentes próximos (Gn 13,8; 14,16; 29,15; Lv 10,4; 1Cr 23,22)”. Em suma, irmão não significa apenas o filho do mesmo casal, mas também primo, sobrinho etc.

Merece ainda destaque o comentário introdutório a Mt 8,16-17 a soar “Curas e exorcismos”, pois demonstra bem duas ações distintas de Jesus: curar (devolver a saúde física) e exorcizar (libertar a pessoa cujo corpo se acha sob o jugo do maligno). Também destacamos Mt 19,10-12. Aí, o Senhor revaloriza o casamento em sua essência, e, sem desmerecê-lo, louva o celibato como “uma exceção escatológica não obrigatória: certas pessoas ficam de tal modo empolgadas pelo Reino dos céus que não se casam” (nota w).

Notamos apenas que, na página 2477, ao falar do termo irmão, indica-se Mt 15,40, mas tal passagem não existe, pois esse capítulo termina no versículo 39.

Queiramos, pois, nos valer da TEB nos estudos e meditações. Ela é, sem dúvida, uma preciosidade que, junto com a Bíblia de Jerusalém, temos em português. 

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