O amor pode ser definido de várias maneiras. No mundo moderno, muitas vezes, ele está ligado a sentimentos de uma pessoa por outra - sentimentos românticos, afeto familiar etc.
Essa definição de amor pode tornar confusa a afirmação “Deus é amor”.
Deus é um sentimento? Deus se faz presente em sentimentos calorosos e confusos de romance ou afeição?
O que significa que “Deus é amor”?
O Papa Bento XVI respondeu a esta pergunta com a sua encíclica de mesmo título: Deus é amor (Deus caritas est).
Deus é Eros e Ágape
O Papa recentemente falecido explicou, naquela encíclica, que “Deus ama, e seu amor pode certamente ser chamado de eros, mas também é totalmente ágape”.
Bento XVI define esses termos gregos relacionados com o amor mostrando que Deus nos ama de ambas as maneiras.
"Eros, como termo que indica um amor 'mundano', e ágape, referindo-se ao amor fundamentado e moldado pela fé. As duas noções são frequentemente contrastadas como amor 'ascendente' e amor 'descendente'".
Embora à primeira vista possa parecer que esses dois tipos de amor são opostos um ao outro, Bento XVI argumenta que, juntos, eles compõem a verdadeira definição de Deus.
"No entanto, eros e ágape – amor ascendente e amor descendente – nunca podem ser completamente separados. Quanto mais os dois, em seus diferentes aspectos, encontram uma unidade adequada na única realidade do amor, mais a verdadeira natureza do amor em geral é realizada. Ainda que a princípio o eros seja sobretudo cobiçoso e ascendente, um fascínio pela grande promessa de felicidade, ao aproximar-se do outro ele se preocupa cada vez menos consigo mesmo e procura cada vez mais a felicidade do outro, preocupando-se cada vez mais com o amado, entregando-se e querendo 'estar presente' para o outro. O elemento ágape entra então neste amor, pois de outro modo o eros se empobrece e até perde a própria natureza. Por outro lado, o homem não pode viver apenas de amor oblativo e descendente. Ele nem sempre pode doar: também deve receber".
Deus nos ama com amor apaixonado, que é pessoal e íntimo. Ao mesmo tempo, o seu amor por nós é inteiramente dom de si, um amor que tudo sacrifica pelo bem do outro. Dessa forma, Deus é tanto eros quanto ágape, um amor íntimo e apaixonado que é auto-sacrificial por natureza.
O amor de Deus é profundo e insondável. Podemos experimentá-lo sempre que amamos a Deus e aos outros com o tipo de amor que vai além dos sentimentos intensos e confusos.