Em uma passagem marcante do Evangelho, Jesus nos pede que roguemos por novos trabalhadores para a messe, apontando sem rodeios que esses novos discípulos devem ser radicais para serem verdadeiramente Seus.
Acontece que, nesse mesmo contexot, há uma anotação pequena, mas decisiva, que vem primeiro: o Senhor designou outros setenta e os enviou adiante dele, aos pares, a todas as cidades e lugares aonde ele mesmo pretendia ir. Os discípulos são enviados “à frente” de Jesus para preparar o Seu caminho. Eles antecipam a Sua vinda.
O verdadeiro chamado de um cristão é preparar o caminho para Cristo – não substituí-lo.
Uma verdadeira amizade, um verdadeiro amor, o cuidado e ajuda aos necessitados, tudo isso é nada mais que gestos preparatórios para a vinda de Deus na vida das pessoas. Só nos é pedido que façamos bem feita a nossa parte – isto é, fazendo com que os nossos relacionamentos valham a pena. Se um pai é um bom pai, ele acabará ajudando o filho a entender a paternidade do próprio Deus. Se uma mãe é uma boa mãe, ela acabará ajudando o filho a entender a misericórdia de Deus. Se um amigo é um amigo verdadeiro, ele acaba ajudando os seus amigos a entenderem a proximidade de Deus. Se você ama alguém gratuitamente, esse alguém um dia entenderá a graça de Deus. A lista continua ad infinitum.
É isto o que um discípulo é chamado a fazer: preparar a vinda de Jesus na vida de alguém, criando experiências humanas genuínas. Como seres humanos, precisamos de referências humanas para entender as coisas. Mesmo Deus só é compreensível para nós mediante a referência humana. Não é por acaso que Deus se tornou homem em Jesus. Se nós, cristãos, somos incapazes de proporcionar aos nossos entes queridos experiências humanas genuínas, nós os impedimos de encontrar Jesus. Ele simplesmente se tornará incompreensível para eles.
