Dom Rolando Álvarez, bispo de Matagalpa (Nicarágua) está preso no presídio "La Modelo", uma prisão de segurança máxima. A informação veio depois que o ditador Daniel Ortega divulgou uma mensagem sobre a libertação de 222 presos políticos.
Álvarez, que também é administrador apostólico de Estelí, recusou-se a embarcar no avião para se exilar nos Estados Unidos. Isso o levou a ser preso e condenado a 26 anos de prisão.
Inferno
Nas últimas horas, meios de comunicação independentes da Nicarágua, como Confidencial e Despacho 505, confirmaram, com base em fontes eclesiásticas, que o bispo Álvarez está isolado em uma cela de segurança máxima conhecida como "infiernillo" ("inferno", em tradução livre).
"As pessoas da penitenciária disseram que ele foi levado para lá, e que está detido no 300, isolado", revelou a fonte da Igreja, acrescentando que o bispo está isolado porque o regime não quer que ele tenha contato com nenhum outro prisioneiro político.
Por outro lado, o Confidencial afirma que Álvarez está “muito sereno, cheio de Deus, consciente e firme da decisão que adotou” , lembrando que, além da condenação por crimes como “propagação de notícias falsas”, “conspiração”, "desprezo pela autoridade" e "obstrução agravada de funções, o bispo perdeu a sua nacionalidade.
O Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh) publicou uma declaração em que repudia as ações contra Álvarez.
Padres intimidados
Há notícias de que o regime de Daniel Ortega e Rosario Murillo vem intimidando vários padres que falam e defendem Álvarez em suas homilias. Eles estão sendo ameaçados de prisão por isso.
"Neste fim de semana, a ameaça foi cumprida com a prisão de três padres, dois deles liberados nesta segunda-feira, mas seus paroquianos não têm notícias do terceiro", publicou o Despacho 505.
Condenação arbitrária
De modo sumário, sem julgamento, sem defesa, sem justiça, Daniel Ortega determinou a condenação de Dom Rolando Álvarez a assombrosos 26 anos de prisão.
Submisso ao ditador, o juiz Octavio Rothschuh Andino, presidente da primeira turma do Tribunal de Apelações de Manágua, leu a sentença, atropelando o julgamento marcado para uma data posterior. Foi mais uma prova de que jamais se respeitou o devido processo legal no tocante ao bispo de Matagalpa.