A Quaresma é um tempo de combate espiritual - e há três inimigos em particular que precisamos combater nesse tempo litúrgico especial.
Muitos autores católicos recorrem à primeira carta de São João para desmascarar esses inimigos: a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e o orgulho da vida (cf. 1 João 2,16).
Dom Prosper Gueranger explica esses três inimigos em sua obra "Ano Litúrgico":
A concupiscência da carne significa o amor das coisas sensuais, que abrange tudo o que seduz a carne e atrai a alma a prazeres ilícitos. A concupiscência dos olhos expressa o amor dos bens deste mundo, como riquezas e posses, que deslumbram os olhos e seduzem o coração. O orgulho da vida é a confiança arrogante em nós mesmos, que nos leva a ser vaidosos e presunçosos e nos faz esquecer que tudo o que temos é porque recebemos de Deus.
Ele então explica que o próprio Jesus combateu esses inimigos ao final dos seus 40 dias no deserto e destaca como os derrotou:
Nosso Salvador, que deve ser modelo nosso em todas as coisas, submeteu-se a sofrer essas três tentações (…) Mas observemos que Ele, nosso modelo divino, nosso Redentor, supera o tentador. Ele acaso ouve as suas palavras? Ele permite a tentação? Ele dá forças à tentação ao hesitar em rejeitá-la? Nós é que fizemos isso quando fomos tentados - e caímos. Nosso Senhor, porém, imediatamente rebate cada tentação com o escudo da Palavra de Deus. Ele diz: Está escrito: não só de pão vive o homem. Está escrito: não tentarás o Senhor teu Deus. Está escrito: só ao Senhor teu Deus adorarás e ele apenas servirás. Esta, portanto, deve ser a nossa prática no tempo que estamos vivendo.
Ao lutarmos contra esses inimigos durante a Quaresma, procuremos ajuda e inspiração em Jesus e empunhemos um escudo de fé contra todos os obstáculos.