Dentre as diversas definições de oração, uma muito precisa é a de São João Damasceno († 749), Padre da Igreja grega, citada no Catecismo da Igreja Católica n. 2259, que diz: “A oração é a elevação da alma a Deus ou o pedido a Deus dos bens convenientes”.
Todos os seres criados, cada um a seu modo, louvam a Deus ou Lhe dão glória. Os minerais, os vegetais e os animais irracionais pelo fato de serem frutos da sabedoria divina proclamam a grandeza do Criador pela simples razão de existirem. Já os seres humanos espelham a grandeza de Deus de maneira consciente e explícita (ajoelham-se, falam, cantam etc.).
Essas razões de louvores presentes, naturalmente, nos homens e mulheres em geral devem estar muito mais impregnadas nos cristãos, pois pelo Batismo nos tornamos filhos de Deus por Jesus Cristo, na Igreja, e por isso nos dirigimos, filialmente, ao Senhor como a um pai amoroso (cf. Gl 4,4-6; Rm 8,15).
Dirigimo-nos para pedir a Deus a força, que só a oração pode dar, de sermos bons cristãos. Afinal, sem Deus nada podemos fazer (cf. Jo 15,5), pois nossa força vem d’Ele (cf. 2Cor 3,5) e é n’Ele que está o nosso querer e agir, ou seja, a nossa vida (cf. Fl 2,13), uma vez que com Ele tudo podemos (cf. Fl 4,14).
Os santos, sem exceção, seguiram esses ensinamentos a respeito do sublime valor da oração. Santo Afonso Maria de Ligório (†1787), fundador da Congregação do Santíssimo Redentor, os Redentoristas, por exemplo, ensina: “Todos os santos se santificaram por meio da oração; todos os condenados se perderam por não terem rezado; se o tivessem feito, com persistência, ter-se-iam salvado”.
Toda oração deve ser feita em Cristo que vive em nós (cf. Gl 2,20) e na Igreja, Corpo Místico do mesmo Cristo prolongado na história (cf. Cl 1,24; 1Cor 12,12-21), a quem o cristão deve estar unido. Aquele que não pensa e não sente com a Mãe Igreja vai aos poucos se afastando de Deus para buscar sua salvação em cisternas furadas que não podem conter água (cf. Jr 2,13). Aqui importa notar que o fiel que se põe a rezar deve ter por meta as quatro atitudes abaixo elencadas.
1) Adoração que é o reconhecimento da absoluta soberania de Deus. Rezamos e adoramos porque Deus é Deus e merece o nosso reconhecimento, independentemente de tudo o mais. Essa adoração pode se dar por palavras, gestos (ajoelhar-se, prostrar-se por terra, erguer as mãos etc.) ou simplesmente no profundo silêncio interior.
2) Ação de graças é o agradecimento da criatura ao Criador pelos benefícios recebidos. É importante notar que não devemos agradecer somente as coisas que julgamos boas, mas, ao contrário, precisamos aprender a dar graças também pelas cruzes que nos vêm. Na vida, tudo concorre para o bem dos que amam o Senhor (cf. Rm 8,28).
3) Expiação é o pedido de perdão pelos nossos pecados e a reparação pelos pecados do mundo. Todos somos pecadores e precisamos da misericórdia do Pai. Aqui entra uma constatação importante: um(a) santo(a) não é alguém sem pecados, mas, sim, aquele(a) que se reconhece pecador(a) e sinceramente se arrepende.
4) Súplica é a apresentação das nossas necessidades espirituais e materiais ao Senhor enquanto somos peregrinos nesta terra. É lícito pedir coisas legítimas ao Senhor sempre sob a indiscutível condição de que seja feita a vontade d’Ele e não a nossa (cf. Mt 26,39), pois Deus nem sempre dá o que pedimos, mas, sim, o que nós mais precisamos naquele momento.
Como se vê as quatro formas de rezar se resumem a duas como no Pai-Nosso: primeiro, olhar para o Pai com gratidão e, segundo, voltar-se para as nossas misérias suplicando Sua poderosa ajuda.
Eis um importante meio para se santificar: a oração diária e constante.
Para aprofundamento: Catecismo da Igreja Católica n. 2558-2865.