Há treze países que não mantêm relações diplomáticas com a Santa Sé:
- 4 comunistas: China, Coreia do Norte, Laos e Vietnã;
- 8 muçulmanos: Afeganistão, Arábia Saudita, Brunei, Comores, Maldivas, Mauritânia, Omã e Somália;
- 1 budista: o Butão.
A eles acaba de unir-se, pelo menos momentaneamente, um 14º país: a ditadura da Nicarágua, que o Papa Francisco, em entrevista veiculada neste último dia 10 de março ao portal argentino Infobae, comparou contundentemente com os regimes comunista e nazista.
Aliás, foi precisamente por causa desta denúncia sem panos quentes feita pelo Papa que o ditador Daniel Ortega reagiu ordenando a suspensão das relações diplomáticas com o Vaticano.
A decisão foi confirmada pelo portal Confidencial, do jornalista nicaraguense exilado Carlos Fernando Chamorro. Segundo o portal, a ditadura de Ortega teria tomado a temperamental medida poucas horas após a publicação da entrevista com o pontífice. Francisco, além do mais, havia descrito o regime sandinista como "uma ditadura tosca".
Ainda segundo o Confidencial, o porta-voz da Nicarágua junto à Santa Sé "comunicou verbalmente" a decisão à Secretaria de Estado do Vaticano. Horas depois, o Ministério das Relações Exteriores do regime de Daniel Ortega divulgou um comunicado oficial para confirmar a "suspensão das relações diplomáticas".
Cabe registrar que o comunicado evita usar o termo "ruptura", optando por "suspensão" e, portanto, dando espaço à interpretação de que se trate de uma medida temporária.
Na extensa entrevista que havia dado na semana passada ao Infobae, Francisco declarou a propósito da Nicarágua sob o regime de Daniel Ortega:
"Com muito respeito, não me resta mais do que pensar num desequilíbrio da pessoa que lidera (Ortega). Temos lá um bispo que está preso, um homem muito sério, muito capaz. Ele quis dar o seu testemunho e não aceitou o exílio".
E acrescentou, com firmeza, a respeito do regime sandinista como tal:
"É como se trouxesse a ditadura comunista de 1917 ou a hitlerista de 1935… São um tipo de ditaduras grosseiras. Ou, para usar um termo típico da Argentina, 'guarangas' (que pode ser traduzido como 'toscas')".
O portal Confidencial informou que o representante da Nunciatura Apostólica em Manágua "recebeu uma semana para deixar o país".