A parábola do filho pródigo nos oferece muitas lições diferentes, mas é tentador pensar que ela se destina a outras pessoas - e não a nós.
No entanto, Jesus apresentou a nós essa parábola para examinarmos a nossa própria vida e avaliar se a nossa fé é mais parecida com a do filho “perdido” ou com a do filho que tinha ficado em casa.
Ambos, segundo o Papa Bento XVI, representam dois tipos diferentes de fé “imatura”. Ele explica esta lição numa alocução do ângelus em 2010.
"Na parábola, os dois filhos comportam-se de modo oposto: o menor vai embora de casa e cai muito em baixo, enquanto o maior permanece em casa, mas também ele tem um relacionamento imaturo com o Pai; de facto, quando o irmão volta, o maior não é feliz como o pai, ao contrário irrita-se e não quer entrar em casa. Os dois filhos representam dois modos imaturos de se relacionar com Deus: a rebelião e a hipocrisia".
Em diferentes momentos da nossa vida, podemos ver-nos em aberta rebelião, optando por afastar-nos de Deus, ou podemos vir a ser muito orgulhosos, achando-nos de alguma forma melhores que os “pecadores” da Igreja.
A boa notícia é que a misericórdia de Deus pode vencer essas duas iterações da fé imatura, como aponta Bento XVI:
"Estas duas formas superam-se através da experiência da misericórdia. Só experimentando o perdão, só reconhecendo-nos amados por um amor gratuito, maior do que a nossa miséria, mas também maior do que a nossa justiça, entramos finalmente num relacionamento deveras filial e livre com Deus".
Onde quer que estejamos em nossa jornada de fé, precisamos abrir o nosso coração à misericórdia de Deus e deixar que o seu amor vença todos os obstáculos que se interpõem em nosso caminho.