- Observatório do Vaticano apresenta um grande estudo sobre exoplanetas
- "Livres de escolher se migrar ou permanecer", tema do próximo Dia Mundial do Migrante e do Refugiado
1Observatório do Vaticano apresenta um grande estudo sobre exoplanetas
Por Cyprien Viet - Astrônomos do Observatório Vaticano e do Instituto Leibniz de Astrofísica em Potsdam, Alemanha, colaboraram para realizar um estudo espectroscópico de mais de 1.000 estrelas suspeitas de abrigar exoplanetas. A revista Astronomy & Astrophysics começou a publicar os resultados desta pesquisa de cinco anos sem precedentes.
Os padres jesuítas Paul Gabor, David Brown e Chris Corbally participaram do estudo, no qual a luz das estrelas foi analisada utilizando técnicas espectroscópicas avançadas para revelar propriedades físicas tais como temperatura, pressão, movimento e composição química. "Os telescópios capturam a luz estelar e os espectrógrafos a decompõem por comprimento de onda em um espectro semelhante ao arco-íris, que representa a 'impressão digital' da luz estelar", explica o estudo.
O estudo ajudou a desenvolver modelos teóricos, destacando estrelas que podem ter uma "história surpreendente para os astrônomos". Entre as hipóteses apresentadas está a idéia de que "a quantidade de diferentes elementos químicos presentes em uma estrela poderia indicar a presença de planetas terrestres (mundos rochosos como Terra ou Marte), sugerir a idade desses planetas e até mesmo fornecer pistas sobre se a estrela 'engoliu' alguns de seus planetas", diz o texto.
5.000 exoplanetas
Dos mais de 5.000 exoplanetas confirmados (planetas orbitando estrelas que não o sol), 75% foram descobertos desde o espaço pela observação da luz das estrelas, que diminui à medida que os planetas passam diante deles – disse –, explicando que a mesma metodologia foi utilizada por um satélite da NASA.
Dois telescópios instalados no Arizona permitiram realizar esta pesquisa sobre a luz das estrelas, em conjunto com outro telescópio localizado nas Ilhas Canárias, em Tenerife, e com um instrumento polarimétrico e espectroscópico localizado em Potsdam, na Alemanha. Os resultados fornecem informações de precisão sem precedentes, notadas em particular pela pesquisadora Martina Baratella: "Razões de abundância como carbono/ferro ou magnésio/oxigênio sugerem a existência e a idade de planetas rochosos de outra forma desconhecidos", ela aponta, citada no comunicado de imprensa.
"Auguste Comte, o fundador do positivismo francês, escreveu certa vez que nunca saberíamos de que eram feitas as estrelas. Mal sabia ele que a luz das estrelas trazia dentro dela 'impressões digitais' capazes de nos dizer muita coisa", disse o Pe. Paul Gabor. O jesuíta americano, vice-diretor do Observatório do Vaticano, também coloca sua pesquisa em um nível teológico. Ele vê em sua pesquisa sobre as estrelas "um paralelo com o que a revelação bíblica nos diz sobre como Deus quer ser conhecido".
Um salto de 11 dias no calendário
O Observatório do Vaticano, formalmente estabelecido pelo Papa Leão XIII em 1891, surgiu dos observatórios apoiados pela Santa Sé a partir de 1578, em vista dos cálculos astronômicos solicitados pelo Papa Gregório XIII para reformar o calendário. Este trabalho levou a um salto de 11 dias no calendário utilizado no Ocidente, o que provocou a mudança da data da morte de Santa Teresa de Ávila da noite de 4 para 15 de outubro de 1582.
Inicialmente localizado nos jardins do Vaticano, o Observatório foi transferido para Castel Gandolfo em 1935 para escapar da poluição luminosa da capital italiana. Desde 1981, os astrônomos do Vaticano têm conduzido suas pesquisas a partir de um telescópio no deserto do Arizona, mas a sede da instituição, confiada aos jesuítas, ainda está em Castel Gandolfo. Ela abriga uma prestigiosa biblioteca, incluindo as primeiras edições de obras de Galileu, Copérnico e Newton.
2"Livres de escolher se migrar ou permanecer", tema do próximo Dia Mundial do Migrante e do Refugiado
Por Cyprien Viet - "Livres de escolher se migrar ou permanecer", em outras palavras, o "direito de poder ficar na própria terra", estará no centro da mensagem do Papa Francisco para o 109º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, a ser realizado no domingo 24 de setembro. A Sala de Imprensa da Santa Sé divulgou na terça-feira o tema da mensagem, cujo conteúdo será publicado posteriormente e dará origem a várias operações de comunicação ao longo dos meses.
Com este tema, o pontífice argentino pretende "promover uma nova reflexão sobre um direito que ainda não foi codificado em nível internacional": "o direito de permanecer". Este direito "é mais antigo, mais profundo e mais amplo do que o direito de emigrar", observa o dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral neste comunicado de imprensa.
Uma tradição antiga
A entidade chefiada pelo Cardeal Michael Czerny - que ele mesmo migrou para o Canadá quando criança após ter nascido na Tchecoslováquia um ano após o fim da Segunda Guerra Mundial - salienta que vários direitos devem ser garantidos "nas nações de origem, graças a um exercício genuíno de co-responsabilidade por parte da comunidade internacional". Ele menciona em particular "a possibilidade de participar do bem comum, o direito de viver com dignidade e o acesso ao desenvolvimento sustentável".
A mensagem real do Papa Francisco será publicada nos próximos meses. Em 2022, a mensagem foi publicada em 9 de maio.
O Dia Mundial do Migrante e do Refugiado é uma longa tradição da Igreja Católica, celebrada anualmente desde 1914. Anteriormente celebrado em janeiro, tem sido fixado no último domingo de setembro desde 2019.
Além disso, na esfera civil e secular, desde 2000, é comemorado a cada 18 de dezembro, sob os auspícios da ONU, o "Dia Internacional do Migrante".