Logo de início, devemos dizer que esta é a única fonte próxima que temos sobre São Bento. Foi escrita, num estilo histórico-catequético, pelo Papa São Gregório Magno († 604), antigo abade do mosteiro de São Sérgio em Roma.
Ela narra que nosso santo nasceu, no ano 480 aproximadamente, de uma nobre família, na região de Núrsia, e, na idade oportuna, foi enviado pelos pais a Roma a fim de estudar as Letras, como se dizia na época. Temendo, no entanto, os perigos do mundo, retirou-se dele e, logo depois, se fez monge eremita (solitário), numa gruta, em Subiaco. Aí, passou três anos lutando contra as tentações advindas do demônio e da carne, mas ele as enfrentava com o poder da oração (o sinal da cruz contra o maligno) e da penitência (frente aos ataques contra a castidade), até ser encontrado por pastores daquela região, que dele se aproximaram, recebendo belas doutrinas e ofertando-lhe ajuda material.
Fama
Eis que a fama de Bento se espalhou e um grupo de monges não muito distante de Subiaco pediu, com insistência, que ele aceitasse ser seu abade. Depois de muitas recusas, o homem de Deus aceitou, finalmente, a incumbência, mas impôs aos seus novos filhos na vida monástica normas sérias. Os monges acostumados à vida fácil recusaram, no entanto, as diretrizes do novo abade e ainda tentaram matá-lo com uma taça de vinho envenenada. Bento, no entanto, como de costume, com o sinal da cruz, venceu o mal fazendo, a certa distância, o cálice de vinho se espatifar em pedaços.
Diante desse atentado, nosso santo deixou os monges mal intencionados e “retornou então ao lugar de sua amada solidão, pretendendo viver sozinho, sob o olhar de Deus. Mas como ia crescendo em virtudes e milagres, muitos seguidores se congregaram no local para, sob sua direção, se consagrarem ao serviço de Deus; de sorte que com o auxílio de Nosso Senhor Jesus Cristo, foram construídos ali doze mosteiros; para cada um deles Bento designou um abade e designou doze monges; conservou consigo somente uns poucos, que preferiu continuar formando pessoalmente” (p. 13-14).
Atos prodigiosos
Por um tempo, a vida do homem de Deus seguiu o seu curso normal com a realização de impressionantes atos prodigiosos, bem como a formação de seus monges e também de leigos necessitados que, de perto ou de longe, vinham procurá-lo. Eis, porém, que, de novo, a santa fama de Bento causou gratuito incômodo a um clérigo e este se pôs a persegui-lo. Colocou, inclusive, sete moças seminuas para dançarem despudoradamente no jardim do mosteiro a fim de perverterem o próprio santo e/ou seus monges.
O abade, vendo aquilo, decidiu distribuir os integrantes do seu cenóbio nas abadias vizinhas e sair ele mesmo com outro grupo para Monte Cassino – região montanhosa entre Nápoles e Roma, mais precisamente a 138 km de Roma e a 77 km de Nápoles – com a intenção de não mais incomodar o clérigo raivoso. Aí, continuou erigindo, espiritual e materialmente, o mosteiro e realizando prodígios. São Gregório narra até mesmo milagres de primeira grandeza como, por exemplo, a ressurreição de um morto (cf. p. 106-107).
Popularidade
Tendo levado uma vida tão cheia de Deus, escrito a Santa Regra, feito milagres e realizados fatos providenciais, anunciou aos monges, seis dias antes, a sua própria morte. Mandou cavar a sepultura e, no dia marcado para entregar sua alma a Deus, quis ir à capela. Ali, sustentado pelos braços dos irmãos, de pé, rezando entre eles, exalou o seu último suspiro. Foi sepultado na cova que pedira para abrir junto à igreja de São João Batista, logo tornada local de peregrinações e onde, por sua intercessão, Deus opera milagres de curas e de libertações dos mais diversos males que acometem os seres humanos de todos os tempos e lugares (cf. p. 117-120).
São Bento, inspirador de numerosas fundações monásticas, também goza de grande popularidade entre o Povo de Deus, que o invoca – junto com São José – como padroeiro da boa morte, além de recorrer à sua já célebre medalha usada no combate às maldades espirituais e humanas, contra doenças, especialmente as contagiosas, contra picadas de serpentes e de outros animais peçonhentos ou na proteção de animais domésticos, de veículos etc.
Ante tudo isso, pedimos: São Bento, rogai por nós que recorremos a vós!
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