A ação rápida de uma professora salvou a vida de vários bebês do ataque à creche Cantinho do Bom Pastor, em Blumenau, SC.
Na manhã da quarta-feira, 5 de abril, um rapaz de 25 anos invadiu a creche particular com uma machadinha, matou quatro crianças e deixou outras quatro feridas. Depois, entregou-se para a polícia.
Durante os momentos de tensão, a professora Simone Aparecida Camargo conseguiu agir rápido para proteger seus alunos. Em entrevista à BBC Brasil ela conta que estava se preparando para levar as crianças para o pátio da escolinha quando outra professora, desesperada, falou que um homem tinha assaltado o posto de combustível ao lado da escola e invadido a creche para tentar se esconder.
"Quando eu ouvi os gritos, eu fiquei trancada na minha sala com os bebês menores. Tranquei eles no banheiro e liguei para o socorro. Foi desesperador porque não sabíamos o que estava acontecendo. Quando saí da sala, ele [o suspeito] já não estava mais na escola", explicou a professora.
Emocionada, Simone ainda completou: "Aquela cena que você nunca imagina ver um dia na vida, eu vi. Não sei se vou conseguir continuar nessa profissão. Pra que tirar a vida de um inocente? Crianças que não fizeram nada, que só sabiam brincar".
Vigília
Na noite de quarta-feira, 5 de abril, amigos e parentes das quatro crianças que morreram durante o ataque fizeram uma vigília em frente à creche Cantinho do Bom Pastor. Eles rezaram, acenderam velas e depositaram flores em homenagem às vítimas.
Igreja se une à dor das famílias
A diocese de Blumenau divulgou uma nota de solidariedade às famílias das vítimas do ataque à creche Cantinho do Bom Pastor. "Manifestamos ainda a certeza de que o Pai do céu já acolheu essas crianças, tão cruelmente assassinadas, no seu Reino de plena alegria”, diz o texto assinado pelo bispo Rafael Biernaski.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) também divulgou nota sobre o ataque. O presidente da instituição, dom Walmor Oliveira de Azevedo, afirmou: "O assassinato de crianças em uma creche em Blumenau (SC) é golpe forte no nosso coração, que se une à tristeza das famílias enlutadas. Somos todos convocados a reagir, buscando superar as nossas próprias vulnerabilidades, que levam a adoecimentos humano-espirituais."
O arcebispo concluiu: "Neste tempo de meditação e oração sobre a paixão, morte e ressurreição de Jesus, dedicarei preces àqueles que enfrentam a dor de sepultar seus filhos. Deus conceda-lhes a fé na ressurreição, esperança de que, um dia, todos irão se encontrar no Reino Definitivo."