"A consciência ecológica é um sinal muito positivo dos nossos tempos", explicou o Cardeal José Tolentino de Mendonça, Prefeito do Dicastério da Educação e Cultura, em uma coletiva de imprensa realizada na terça-feira no Vaticano para apresentar o pavilhão da Santa Sé na 18ª Bienal de Arquitetura de Veneza, que será realizada de 20 de maio a 26 de novembro. O tema do pavilhão é Amizade Social: Encontro no Jardim. O pavilhão da Santa Sé, que será exibido na Abadia Beneditina de Santo Giorgio Maggiore, pretende responder ao tema geral da Bienal: O Laboratório do Futuro.
Durante a conferência de apresentação, o Cardeal José Tolentino di Mendonça colocou este tema na perspectiva do pontificado de 10 anos do Papa Francisco e de suas duas encíclicas, Laudato si' (2015) e Fratelli tutti (2020). Ele explicou que o ensinamento do pontífice argentino está voltado para "a profecia de um mundo melhor", na perspectiva de uma "cultura do encontro".
Instalações
O pavilhão da Santa Sé está estruturado em torno de duas criações artísticas. O Encontro, do arquiteto português Álvaro Siza, vencedor do Prêmio Pritzker em 1992 e ainda ativo aos 90 anos de idade, "se apresenta como uma reserva de juventude para o mundo". As instalações artísticas, representando figuras inspiradas nos gestos da vida monástica, acolherão os visitantes "de braços abertos" e os guiarão para "o jardim, um lugar de contemplação".
O prefeito do dicastério de educação e cultura descreveu o trabalho de seu compatriota nonagenário como "um intenso manifesto político e poético sobre o que o encontro entre os seres humanos é ou pode se tornar". Ele aposta em "uma arquitetura que não fica dentro de quatro paredes, mas se irrompe", explicou o cardeal português.
A outra estrutura em exposição no pavilhão da Santa Sé foi projetada pelo Studio Albori. Ela "coloca os entes vivos na arquitetura, tornando-os todos co-responsáveis por nossa casa comum". Um grupo de horticultores trabalhou com este escritório de arquitetura para destacar a fecundidade dos elementos naturais: sol, terra, ar e água. Serão exibidas plantas de diferentes áreas geográficas.
Quebrando com o "antropocentrismo despótico"
Questionado sobre a tomada de consciência sobre as mudanças climáticas, o cardeal português considerou um "sinal muito bonito" ver os jovens assumindo esta preocupação, que é agora o tema de um "consenso em nossa sociedade e no mundo da cultura".
Embora tenha ficado satisfeito ao ver as novas gerações romperem com "um antropocentrismo despótico que esqueceu outras criaturas", ele se distanciou dos ataques ao patrimônio, apelando para "a responsabilidade de todos, tanto para o futuro comum quanto para o patrimônio do passado". "Não podemos viver sem um futuro ou um passado", reconheceu ele.