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França: Diversas igrejas católicas alvo de vandalismo desde o início do ano

Notre-Dame de Paris, cloches, bourdon

Marie, le deuxième bourdon de la cathédrale, est située dans la tour Sud.

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Reportagem local - publicado em 23/04/23
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O caso mais recente ocorreu a 12 de Abril, com dezenas de estátuas destruídas, muitas delas com as imagens decapitadas, na Igreja de Santa Madalena, em Angers

Têm sido vários os incidentes em Igrejas católicas em França nas últimas semanas. Só na região de Paris foram registados, desde meados de Fevereiro, diversos actos de vandalização nas Igrejas de Santo Eustáquio, de São Martinho de Orly, de Nossa Senhora do Loreto, de Santo Agostinho, São Francisco de Xavier e São Vicente. Em Choisy-Le-Roi, por exemplo, uma estátua da Virgem Maria foi decapitada. Também isso aconteceu na semana passada, dia 12 de Abril, na Igreja de Santa Madalena, em Angers, em que várias estátuas foram destruídas e algumas imagens, nomeadamente de Nossa Senhora, foram mesmo decapitadas. O Bispo de Angers, D. Emmanuel Delmas, já veio a público manifestar o seu repúdio por este ataque, pela destruição causada no templo católico, dizendo estar “assustado diante de tamanha violência”. “É indescritível, é um sacrilégio…” Também o autarca local, o ministro do Interior e a responsável pela pasta da Cultura já condenaram o ataque, estando já aberta uma investigação. Dias antes, também a Igreja de São Pedro de Trélazé havia sido roubada e profanada.

Câmaras de vigilância nas igrejas

Mas houve outros templos atacados. Em Janeiro, por exemplo, o santuário de Nossa Senhora de Fátima, situado no 19º bairro e que congrega a comunidade portuguesa na capital, foi alvo de uma tentativa de incêndio, tal como a igreja de Saint-Martin-des-Champs. Fora da região da capital francesa também houve incidentes em templos católicos. Em Estrasburgo, Camagne-au-Mont-d’Or ou em Eguisheim, foram também registadas tentativas de incêndio ou mesmo actos de vandalização. Um dos mais recentes ocorreu na Igreja do Sagrado Coração, no centro de Bordeaux, na madrugada de 13 de Março com as paredes pintadas com frases provocatórias e símbolos políticos… Segundo dados do Ministério do Interior foram cometidos 1.659 actos anti-religiosos em França em 2021, incluindo 857 actos anticristãos. Esta aparente crescente onda de insegurança levou mesmo recentemente um grupo de autarcas a apresentar à edilidade da capital francesa algumas propostas para a protecção dos edifícios religiosos não só pela polícia municipal, mas também pela polícia nacional. Uma das ideias passa, por exemplo, pela utilização de câmaras de vigilância nas igrejas.

“Estamos sempre em alerta”

Todos estes ataques são geradores de um sentimento de insegurança que levou, inclusivamente, duas religiosas beneditinas a deixar a paróquia da Santa Cruz, no bairro de Bouffay, na cidade de Nantes, rumo a uma zona mais do interior do país. As irmãs Marie-Anne e Agathe, da Fraternidade Beneditina apostólica, justificaram esta decisão num texto publicado nas redes sociais, a que a fundação AIS teve acesso. “Quando estamos na Igreja da Santa Cruz, estamos sempre em alerta, sempre prontos a reagir ao desrespeito pelo lugar, pelo povo ou pela celebração que ali se realiza”, explicam as religiosas. “Este estado de alerta constante impede-nos de viver a oração tal como é vivida na nossa vocação beneditina. Não somos ‘Franciscanos do Bronx’ e não temos vocação para ser guardas de segurança, mesmo que tenhamos tido algumas lições de autodefesa”, acrescentam. As duas irmãs beneditinas afirmam ainda que procuraram contribuir, ao longo do tempo, para a resolução deste tipo de problemas, nomeadamente ao nível da autarquia e com as autoridades policiais. “É por termos ‘experimentado tudo’ que podemos dizer que não podemos fazer ‘mais’, dizem ainda, explicando que decidiram assim regressar à região de Champagne “para estar mais perto da nossa fonte: o mosteiro das nossas irmãs, os beneditinos de Saint-Thierry”.

Relatório da Fundação AIS

Esta situação de violência e de desrespeito pela Igreja e pelos cristãos em França já vinha referenciado no mais recente Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, editado pela Fundação AIS em Abril de 2021. O documento refere que “o crescente anti-semitismo e a elevada incidência de actos anti-cristãos nos últimos dois anos são sinais de que a tolerância da sociedade está a deteriorar-se”, antevendo-se que, “como o Governo procura conter a maré do extremismo e a falta de integração social com uma legislação abrangente, os direitos fundamentais de todos os crentes poderão ser postos em causa num futuro próximo”.

(Com AIS)

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