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Santa Gertrudes de Helfta e sua obra completa

Gertrude the Great
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Vanderlei de Lima - publicado em 23/04/23
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Possa a mística de Helfta despertar santa curiosidade também nos seres humanos do século XXI. Veja aqui

Santa Gertrudes de Helfta, a Magna, nasceu no dia 6 de janeiro de 1256, festa da Epifania do Senhor, e faleceu em 17 de novembro de 1301 ou 1302. 

Aos cinco anos de idade, foi recebida pelas monjas, na escola claustral do mosteiro de Helfta, a fim de ter formação intelectual e religiosa. Ali, aprendeu cultura geral, literatura, filosofia, teologia e música, além, é óbvio, de receber preparação para a vida monástica. Pode-se dizer que, no dia a dia, salvo os fatos místicos relatados pela própria Gertrudes ou por suas irmãs de hábito, foi uma monja comum como as demais, sem ter sequer algum cargo relevante no mosteiro. Deixou-nos, entretanto, dois grandes tratados que merecem ser lidos e estudados com o devido apreço. 

O primeiro é o Legatus divinae pietatis (O Arauto do amor divino), também conhecido por O Arauto da amorosa bondade de Deus ou Revelações de Santa Gertrudes. Compreende um rico material que “consta de um Prólogo e cinco livros. O livro I, redigido após sua morte, contém um panegírico de Gertrudes e uma apologia de sua doutrina. Através do testemunho de Deus, dos homens e da vida de Gertrudes, a redatora demonstra que ‘o Senhor a escolheu como instrumento especial para revelar os segredos de sua ternura’. O livro II é formado unicamente pelo Memorial. O livro III apresenta uma meditação sobre os mistérios de Deus, uma abordagem sobre os sacramentos e vários assuntos como a doença e o sofrimento. Evoca igualmente a graça da intercessão e mediação concedida a Gertrudes. As visitas de Deus a Gertrudes durante determinadas festas do ano litúrgico encontram-se no livro IV; ele introduz uma contemplação litúrgica. O livro V apresenta um interesse histórico especial: registra revelações feitas a Gertrudes a respeito dos últimos dias e morte de pessoas de seu relacionamento, inclusive da abadessa Gertrudes de Hackeborn e sua irmã Mectildes” (Gertrudes de Helfta. Vida e exercícios espirituais. 2ª ed. Juiz de Fora: Subiaco, 2013, p. 48).

Portanto, só o livro II, denominado Memorial – na verdade, o Senhor Jesus lhe terá dado o título de Memorial da abundância de minha divina suavidade – foi redigido totalmente pela santa para narrar, de modo muito modesto e discreto –, sobretudo no que toca aos fenômenos místicos (transverberação, troca de corações, união esponsal com o Senhor etc.) – os mistérios da graça celeste que ela viveu em seu ser (cf. idem, p. 46). 

Este tratado foi traduzido, na íntegra, do francês por Celso da Costa Carvalho Vidigal, num longo trabalho de 16 anos, isto é, de 2003 a 2019. Está publicado pela Artpress, de São Paulo, em 5 volumes no formato de bolso: 11x16 cm. Eis que, em 2012, as Edições Subiaco publicaram, num só volume, tamanho 14x21 cm, os três primeiros livros da mística de Helfta. O livro tem por título Mensagem da misericórdia divina (339 págs.) e foi traduzido do Latim/Francês em cotejamento com a edição espanhola da BAC. Aguardam-se os dois livros restantes, o IV e o V, num próximo volume. 

Outra obra da monja, Os exercícios espirituais de Santa Gertrudes, compõe-se de sete meditações que tratam desde a graça batismal (primeiro exercício) até a preparação para uma santa morte (sétimo exercício), passando pelos estágios de uma vida religiosa bem vivida. Daí dizer o Pe. Benedito Santos que “a piedade, como transparece nos Exercícios, é grande. A percepção que ela tem da transcendência de Deus, princípio e fim da Criação; a ideia central de que Deus é essencialmente autor. Uma devoção ardente pelo Mistério da Trindade e por cada pessoa divina, um amor intenso pleno de gratidão e dedicação pelo Senhor, mediador e caminho para o Pai. Um sentimento de confiança filial por Nossa Senhora, o desejo de união eterna, de ver a volta de Jesus” (Santa Gertrudes: modelo de vida interior. São Paulo: Paulinas, 2014, p. 39).

Os Exercícios foram publicados pelas Edições Subiaco e, em 2013, como vimos. As reflexões da santa vêm precedidas de sua biografia que se fundamenta em Garcia Maria Colombás, renomado estudioso beneditino, na sua obra La tradición benedictina, cap. V: Santa Gertrudes Magna (Zamora: Ed. Monte Cassino, 1995).

Possa a mística de Helfta despertar santa curiosidade também nos seres humanos do século XXI.

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