Os bispos católicos do Canadá condenaram um plano do governo de permitir a eutanásia e o suicídio assistido para doentes mentais e pediram que, em vez disso, o país destine mais fundos aos cuidados paliativos.
O Conselho Permanente da Conferência dos Bispos Católicos do Canadá (CCCB) divulgou nesta semana uma "Carta Aberta ao Governo do Canadá" e uma "Mensagem aos Fiéis Católicos" sobre a legislação que, até 17 de março de 2024, permitirá que pessoas com doença mental recorram a essas práticas para dar fim à própria vida, mesmo sem serem doentes terminais.
"Ao longo dos anos, os membros da CCCB expressaram consistente e repetidamente a sua oposição à eutanásia e ao suicídio assistido, que foi legalizado no Canadá em junho de 2016", registra a Conferência em comunicado. "Conforme previsto em 2015, as alterações subsequentes à legislação permitiram que uma lista cada vez maior de pessoas vulneráveis se qualificassem para a eutanásia e o suicídio assistido, incluindo a alteração mais recente, que permite que aqueles cuja única condição médica seja uma doença mental tenham acesso à eutanásia ou ao suicídio assistido (Medical Aid in Dying, ou MAiD)".
Os documentos divulgados pelos bispos afirmam que "expandir o acesso à eutanásia e ao suicídio assistido para indivíduos que vivem com uma doença mental fecha as portas para qualquer esperança de recuperação", "mina a dignidade universal e inviolável da vida humana" e "prejudica a construção da sociedade".
"Referenciando a nossa comum dependência uns dos outros em graus variados ao longo da vida, a CCCB apela aos governos federal e provinciais/territoriais para alocarem mais recursos e financiamentos à saúde mental, bem como aos cuidados paliativos", prosseguiu a Conferência. "A CCCB também encoraja os fiéis a testemunharem a vida, cuidarem e acompanharem os enfermos, resistirem à pressão para apoiar ou participar do MAiD e rezarem para que os nossos legisladores enxerguem o mal naquilo que estão permitindo que aconteça".
Os bispos adicionaram que é "ainda mais censurável" que o governo estenda a eutanásia e o suicídio assistido a indivíduos cuja condição mental pode predispô-los ao suicídio, especialmente sabendo-se que o Canadá vem fracassando em prover assistência a esses pacientes. "Permitir ou auxiliar o seu suicídio contradiz diretamente as estratégias nacionais de prevenção desse risco e renega a nossa responsabilidade social coletiva de fornecer às pessoas que enfrentam desafios de saúde mental o tratamento, o apoio e a esperança por meio de intervenções terapêuticas".