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Ansiedade: a cruz que não nos leva ao Pai

Mulher com a cabeça baixa

Mujer en oración.

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Julia A. Borges - publicado em 21/05/23
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Viver baseado nas preocupações futuras é fator preponderante para o desvio da atenção à cruz real que é sua e que agora se faz necessário carregar

Viver é uma batalha constante, e ainda que haja momentos de refrigério, as lutas enfrentadas fazem parte do cotidiano de qualquer ser humano. Esse é um fato incontestável e que não há muito o que fazer com relação a isso. Entretanto, é necessário ter em mente que se deve ter muito cuidado em carregar cruzes que não levam o seu nome, porque, ao invés de haver um crescimento pessoal, essa condução pode levar a distrações que, em muitos casos, desviam do foco principal.

As cruzes fazem parte da jornada da vida, e tê-las é sinônimo de auxílio para se chegar ao céu. É através dos obstáculos que o ser humano vai, ao longo da estrada, adquirindo as armas necessárias para o combate que está a enfrentar; e assim, munido de sabedoria, fortaleza, ciência, piedade, temor a Deus e inteligência, será possível confiar na vitória. Todavia, há contratempos que desviam o indivíduo desse galgar frutífero, dentre eles a ansiedade, tão comum nos tempos atuais.

Confiança

Jesus, em muitas passagens bíblicas, evidencia a importância da confiança no Pai e no fato de não deixar o medo ser seu guia. E se há algo que impede a crença total em Deus é justamente a ansiedade, que leva o homem a carregar cruzes imaginárias e todas ao mesmo tempo.

Na oração do Pai Nosso, pedimos “o pão nosso de cada dia”, o cristão suplica, portanto, a graça necessária para cumprir hoje a vontade reservada por Deus, porque a benção que é colocada em cada um se reserva ao presente e não às cruzes que ainda virão. Mas às vezes o cristão se esquece desse ensinamento e se deixa tomar pela paixão que o impede de confiar, e não vive no verdadeiro abandono à Divina Providência.

Preocupações

Viver baseado nas preocupações futuras é fator preponderante para o desvio da atenção à cruz real que é sua e que agora se faz necessário carregar. Os pesos futuros pelos tormentos de possibilidades que nem sequer são concretas tornam o percurso um processo de total extermínio e nunca de um verdadeiro crescimento. O murmúrios da mente que se fixam no “e se...” geram uma autotortura que cegam e dificultam as tomadas de decisão. Não se trata, entretanto, de um verdadeiro ode à imprudência. Pelo contrário, trata-se de não desviar a atenção e deixar de lado o que genuinamente é de sua competência realizar.

Vale acrescentar que se existe uma verdade antropológica é esta: a consciência humana acerca do presente, passado e futuro. Portanto, o dom do reconhecimento do hoje é essencial para que saibamos perceber que a graça nos visita sempre e que se assim foi no passado, assim será no futuro; por conseguinte, é através da benção de hoje, e não do ontem ou de amanhã, que haveremos de tirar a força necessária para carregar a nossa cruz.

Santa Teresinha do Menino Jesus compôs uma poesia a esse respeito: Je n’ai rien qu’aujourd’hui!, “Eu só tenho o dia de hoje”. “Eu não dou conta de pensar no futuro sombrio. Para viver e cumprir meu dever, eu só tenho o dia de hoje, eu só tenho o agora”. Que possamos entender a importância de estar e viver o presente que Deus nos dá diariamente.

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