Quando era jovem, imerso no espírito laico da época, pensei que precisava escolher entre a razão ou a religião. Não seria possível escolher as duas, porque uma contradiz a outra, pensava eu. Poderíamos ter os confortos da religião, mas para isso era preciso abandonar a razão; ou poderíamos aceitar as exigências da razão, mas elas excluiriam a crença em qualquer religião. Ou seja: aceitar a "mentira aconchegante" ou abraçar a "dura realidade". Essa era a escolha que eu achava que todos precisávamos fazer.
Quando fiquei mais velho e comecei a me interessar pela realidade num nível mais profundo, comecei a questionar se o racionalismo é mesmo racional. Pareceu-me que ninguém poderia saber que Deus não existe. Pareceu-me que os ateus aceitam o seu ateísmo como uma questão de fé, não de razão. A maioria deles não queria que Deus existisse - e então escolheu negar a Sua existência. Acontece que isso não é racional.
Então comecei a me perguntar como poderíamos explicar a existência das coisas que sabemos que existem. Como surgiram as árvores? Ou, mais radicalmente, como veio a existir qualquer coisa que existe? Como é que o nada se tornou algo? Até uma partícula de poeira já era alguma coisa. Mas de onde ela surgiu?
E então me pareceu que os esforços dos ateus para responder a essas perguntas são totalmente inadequados. Não são respostas, mas apenas esforços para explicar as perguntas. Eles não fizeram a pergunta de Pilatos, "quid est veritas?" (o que é a verdade?), do ponto de vista de uma pergunta que precisa ser respondida, mas do ponto de vista de uma pergunta irrespondível e, portanto, que nem valia a pena formular.
Tropeçando nas obras de G.K. Chesterton e depois C.S. Lewis, descobri dois escritores que mostraram que a razão aponta para a fé. Eles não estavam apenas sendo lógicos no seu raciocínio: estavam sendo lógicos na sua discussão do teológico. Chesterton e Lewis me levaram mais a fundo, ou mais e mais, como diria Lewis. Eles me levaram aos grandes filósofos, como Platão, Aristóteles, Agostinho e Tomás de Aquino. As suas mentes estão entre as maiores de toda a história - e todas elas acreditavam em Deus!
Percebi que precisamos escolher, sim, mas que a escolha não precisa ser "ou fé, ou razão": é possível tamém escolher "fé e razão", indissoluvelmente unidas e inseparáveis.
Agora estou comprometido com esta realidade. E é por isso que, aos 28 anos, fui recebido na Igreja Católica.