A Neuralink, empresa de implantes cerebrais fundada pelo bilionário Elon Musk, informou ter recebido a aprovação da Agência de Alimentos e Medicamentos (FDA) dos Estados Unidos para dar início aos seus primeiros testes clínicos em seres humanos.
Desde 2019, Musk vinha anunciando a iminência dos testes de um chip cerebral voltado a tratar condições complexas como paralisia e cegueira. Entretanto, a companhia só procurou a autorização da FDA em 2022, quando a agência rejeitou o primeiro pedido alegando a necessidade de esclarecimentos mais aprofundados sobre tópicos como a remoção segura do chip e os riscos eventuais ligados ao uso da bateria de lítio do dispositivo.
Via rede social, a Neuralink comentou na semana passada a obtenção de autorização da FDA:
"Este é o resultado de um trabalho incrível da equipe Neuralink em estreita colaboração com a FDA e representa um primeiro passo importante que um dia permitirá que nossa tecnologia ajude muitas pessoas".
Pacientes prioritários
Em novembro de 2022, Musk havia anunciado que os primeiros implantes cerebrais da Neuralink em seres humanos começariam dentro dos seis meses seguintes, priorizando o objetivo de restaurar a visão de pacientes cegos. Na época, a Neuralink já começava a cadastrar voluntários dispostos a submeter-se aos testes com o chip cerebral da empresa.
Na mesma apresentação de novembro, Musk afirmou também que o projeto envolveria pessoas com deficiências motoras, visando a sua locomoção, assim como pacientes com capacidades reduzidas de comunicação, a fim de ajudá-las a superar as suas limitações mediante a neurotecnologia. O bilionário informou que os testes em animais haviam progredido adequadamente e acrescentou que a Neuralink só aguardava as autorizações dos órgãos reguladores competentes, nos EUA, para passar aos testes com pessoas.
Segundo a empresa, o chip de implante cerebral deverá interagir com dispositivos externos, como celulares e computadores.
Em janeiro de 2022, o jornal britânico The Times noticiou que a companhia estava recrutando grandes talentos da medicina e da engenharia. Na época, divulgou-se também que os testes da Neuralink em voluntários humanos teriam duração aproximada de três anos e consistiriam na implantação de microchips de inteligência artificial no crânio dos participantes.
Testes com macaco, porca e humanos
A Neuralink informou ainda que, durante os testes com animais, um macaco chamado Pager conseguiu mexer um cursor numa tela de computador graças ao uso do chip. A empresa também teria “coletado dados” de uma porca chamada Gertrude, em cuja cabeça também havia sido implantado o chip.
Os testes do chip cerebral de Elon Musk em humanos tinham sido inicialmente previstos para 2020, foram adiados para 2022 e, depois, para 2023. Segundo as declarações de Musk em novembro passado, os adiamentos se deveram a questões de segurança:
"Queremos ser extremamente cuidadosos e ter a certeza de que funcionará bem antes de colocar um dispositivo em um ser humano. Submetemos a maior parte dos documentos ao FDA [Food and Drug Administration, equivalente à Anvisa no Brasil] e achamos que, provavelmente, em cerca de 6 meses [a partir de dezembro de 2022] poderemos ter o nosso primeiro Neuralink num ser humano".
A iniciativa de Elon Musk em desenvolver um chip cerebral para humanos, evidentemente, gera muitas e intensas polêmicas não só da perspectiva tecnológica, mas, principalmente, do ponto de vista ético. Confira: