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Missa: o sacrifício perfeito

Mass for France celebrated by Cardinal Dominique Mamberti

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Julia A. Borges - publicado em 11/06/23
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É necessário, acima de qualquer coisa, compreender verdadeiramente a missa como sacrifício, o verdadeiro sacrifício de Cristo na Cruz

“Creio na Santa Igreja Católica” – essa é a afirmação feita por nós, católicos, todas as vezes em que estamos na Missa, em frente ao altar. Essa verdade consta no Credo Apostólico, mas se a oração a ser feita advir do Credo Niceno-Constantinopolitano, a especificação é ainda maior: “Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica. Professo um só batismo para remissão dos pecados”. Em uma sentença: cremos verdadeiramente na fé que professamos, entretanto, ainda há alguns desacertos quanto ao núcleo central da nossa credulidade, quanto ao sacrifício perfeito, ou seja, quanto ao entendimento real da missa.

Trata-se de enxergar a clareza do que está a ocorrer naquele altar não como um evento ou um simples cultuar a Deus. É necessário, acima de qualquer coisa, compreender verdadeiramente a missa como sacrifício, o verdadeiro sacrifício de Cristo na Cruz. Presencia-se ali não um novo martírio, mas a confirmação, a sacramentalização daquela imolação ocorrida há dois mil anos.

Lutero e Calvino têm uma perspectiva diferente, chegando a abominar a Santa Missa, acreditando ocorrer ali um novo sacrifício e afirmam que tudo aquilo não é necessário fazer, uma vez que a imolação já fora oferecida e que os pecados já se encontram perdoados, como uma quitação judicial definitiva. De fato, a redenção ocorreu lá na Cruz, com Jesus Cristo, mas ela precisa ser apropriada como redenção subjetiva para o caminho de Santidade. Não é simplesmente um recibo que o cristão adquire de que nossos pecados foram justificados; mas um caminho legítimo na busca de ser verdadeiramente santo. Vale destacar que o  Concílio de Trento, por outro lado, respondeu a Lutero e Calvino dizendo que não há dois sacrifícios. Essa é a posição oficial da Igreja. Isso está declarado dogmaticamente. O Concílio de Trento (Sessão 22.ª) o diz: “Com efeito, uma só e mesma é a vítima [Una enim eademque est hostia], pois quem agora se oferece pelo ministério dos sacerdotes é o mesmo que então se ofereceu na cruz; só o modo de oferecer é diferente.”

Posição católica

Ou seja, a posição católica é única: a vítima é a mesma, a Pessoa divina que se encarnou e que se ofereceu na Cruz, agora se oferece pelo ministério do sacerdote, do padre, no altar. “Só o modo de oferecer é diferente”: na Missa, é sem derramamento de sangue. Essa é a posição dogmática da Igreja Católica.

É preciso ter a disposição para entender a importância da missa para além da remissão dos pecados; entender a fé para além da quitação e absolvição dos pecados. É preciso ir além. Afinal, se o objetivo é ser a imagem e semelhança de Cristo, é necessário muito além de puramente não cometer pecados, mas percorrer rumo à redenção verdadeira. É preciso algo além do que uma absolvição cartorial, mas uma transformação real da alma, ou seja, ela precisa amar e realizar obras divinas como os santos, e tal caminho passa pelos sacramentos, como a própria Eucaristia.

Pensar em Santa Teresa D`Ávila, Santo Tomás de Aquino, Santo Agostinho ou São Francisco como exemplos de vida é uma tarefa muito árdua se não houver como auxílio maior o Espírito Santo de Deus. Se os referidos santos e todos os outros conseguiram alcançar a tão almejada sétima morada que Santa Teresa D`Ávila revela em seu livro sobre As sétimas moradas do Castelo Interior da Alma, estejam certos de que tal conquista não fora pelos próprios méritos ou por algum tipo de merecimento, ou ainda, porque simplesmente creram em Jesus e tinham fé. É um esvaziar-se de tal forma que nada mais há a não ser àquele que os criou. E tal atitude vai muito além de um único passo de arrependimento dos pecados.

Sim, é aí que o caminho da perfeição começa. É aceitando nossas máculas e buscando corrigi-las diariamente. Mas se o desejo é ser semelhante a Cristo, é necessário sermos diferentes do que somos e buscar, somente pela graça, a virtude da Santidade.

Referências:

  • A Bíblia Sagrada. Tradução do Pe. Manuel de Matos Soares. Campinas: Ecclesiae, 2096p.
  • João Calvino, Institutio religionis christianæ, v. 2. Brunsvique: Schwetschke, 1869.
  • Padres apostólicos. São Paulo: Paulus, 1995.
  • Padre Paulo Ricardo. A resposta Católica. São Paulo: Ecclesiae, 2013.
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