O brasileiro Guido Schäffer teve, recentemente, as virtudes heroicas reconhecidas pelo Vaticano - um passo importante no processo de beatificação.
Guido era médico e surfista. Durante dez anos exercendo a medicina, dedicou-se a atender os pobres, juntamente com as Irmãs Missionárias da Caridade.
Também fazia um trabalho de evangelização com os jovens e fundou um grupo de oração em uma paróquia do Rio de Janeiro. Na época, ele namorava, praticava o surfe e exercia sua profissão com amor. Mas algo começou a angustiá-lo e a tirar-lhe o sono. "Lendo um livro sobre a vida de São Francisco ['O Irmão de Assis'], eu disse: 'O que tu queres de mim, Senhor?'... Eu fui em oração, até que, em determinado momento, ouvi claramente a voz de Deus dizendo: 'Levanta-te que serás sacerdote para a minha Igreja'", revelou o então seminarista Guido Schäffer em entrevista à Rádio Catedral.
Guido tinha, na época, uma carreira promissora pela frente. Já havia recebido convites para trabalhar com médicos conceituados no Brasil. Como, então, jogar tudo para o alto e seguir o chamado de Deus? E é ele mesmo quem responde, fazendo referência às Escrituras: "Diante daquele que chama, tudo me pareceu pequeno. Essa foi a força que me moveu a começar a caminhar".
A Bíblia e a vocação
Guido se preparava para ser médico duas vezes, pois o sacerdote também é o médico das almas. Pode-se, portanto, observar que seu discernimento vocacional tinha como pano de fundo o cuidado com o outro.
Mas migrar do trabalho como médico (intercalado com a prática do surfe) para o seminário exigiria uma grande mudança de vida. E, nesse caminho, a fé e as Sagradas Escrituras tiveram um papel fundamental. Para ele, um versículo, em especial, foi o fio condutor para o discernimento de sua vocação: 1 Tessalonicenses 5, 24. Na carta, Paulo escreve:
"Deus não só te chama, mas vai cumprir o chamamento na tua vida. Isso me dá uma segurança tão grande...", revelou o jovem oito anos após ter recebido o chamado para servir a Deus.
Guido acreditava que "cada vocação é particular. É Deus que chama todos nós. Mas o modo como ele chama é único e irrepetível". Cabe a cada um, portanto, preparar-se e aprender a ouvir a voz de Deus.
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