Os giróvagos eram monges, no início do monaquismo cristão, que vagavam de um mosteiro para outro em vez de residirem permanentemente em uma única comunidade. Esse estilo de vida, considerado "não-convencional", era desencorajado pelas ordens monásticas estabelecidas, muito embora também tenha produzido alguns santos notáveis.
O termo vem do latim “gyrovagus”, por sua vez composto pelas palavras "gyrus" (giro, círculo) e "vagus" (vagante, errante). Refere-se, basicamente, ao fato de que esses monges ficavam "vagando".
De certa forma, os "gyrovagi" (plural de "gyrovagus") precedem os monges mendicantes. Uma forma de entender a relação entre os giróvagos e os frades mendicantes é que estes últimos representam uma evolução dentro da tradição monástica, mantendo características em comum com os primeiros. Os frades mendicantes, como é o caso dos franciscanos e dos dominicanos, também eram conhecidos pelo estilo de vida itinerante, transferindo-se de um lugar para outro e contando com a caridade alheia para o suprimento das suas necessidades materiais. No entanto, havia diferenças significativas entre os dois grupos.
Por um lado, os frades mendicantes faziam parte de ordens religiosas organizadas e seguiam uma regra de vida específica. Eles se dedicavam firmemente a pregar, ensinar e praticar a caridade, permanecendo sujeitos à autoridade dos superiores da sua ordem. Embora levassem uma vida um tanto errante, ela se encaixava na estrutura da sua respectiva ordem religiosa.
Por outro lado, os giróvagos careciam desses laços organizacionais e muitas vezes vagavam de modo independente, sem uma regra clara – ou mesmo sem responsabilidade. Eram vistos como mais egocêntricos, sem a disciplina e a estabilidade das comunidades monásticas estabelecidas.
Mas isto não significa que não houvesse "gyrovagi" santos. De fato, considera-se que vários santos dos primeiros séculos do cristianismo tenham seguido o estilo de vida "gyrovagus".
Tomemos, por exemplo, São Moisés, o Negro, também conhecido como Abba Moisés. Era um monge etíope do século IV que, antes de se converter, levava uma vida de crimes. Depois de se tornar monge, ele vagou pelo deserto como giróvago ao longo de muitos anos, em busca de crescimento espiritual e orientação. Apesar das suas tendências errantes, ele abraçou os ideais de estabilidade, obediência e vida comunitária. De certa forma, o beato Charles de Foucauld também pode ser considerado um "giróvago contemporâneo".
É importante notar que, embora alguns santos tenham começado como giróvagos, eles passaram por um processo de conversão ou se juntaram a comunidades monásticas estabelecidas, reconhecendo a necessidade de estabilidade e responsabilidade na sua jornada espiritual.