Como era a comunicação entre longas distâncias na Idade Média? Um artigo de Danièle Cybulskie no portal Medievalists.net procura explicar com detalhes essa realidade.
Para começar, a maioria das pessoas na Europa medieval era semi-analfabeta. Algumas até sabiam ler, mas não escrever, e a maioria não sabia nem ler, nem escrever. Isto significava que "escrever uma carta por conta própria era quase impossível", explica Cybulskie, acrescentando: "mesmo que conseguissem, o destinatário da carta provavelmente não conseguiria lê-la sozinho". As mensagens, portanto, costumavam ser transmitidas oralmente, ou seja, precisavam ser memorizadas pelo mensageiro. Isso implicava confiar a terceiros o que poderia ser um assunto privado.
No entanto, quando as mensagens eram escritas, continua Cybulskie, outras complicações surgiam no horizonte: "Se o remetente fosse analfabeto, não tinha como verificar se a palavra escrita realmente dizia o que deveria dizer; da mesma forma, se o destinatário fosse analfabeto e pedisse ajuda a alguém que soubesse ler, este poderia enganá-lo. Os analfabetos ficavam à mercê dos alfabetizados quando se tratava de comunicação escrita".
Por tudo isso, a mensagem escrita exigia a contratação de serviços especializados – o que, muitas vezes, era bastante caro.
Depois de ser escrita, a mensagem era selada com cera, "usando um selo personalizado e associado ao remetente". Embora a maioria dos selos fosse bastante humilde, "os selos reais e papais eram grandes e elaborados", observa Cybulskie.
O maior problema, porém, era mesmo enviar a mensagem. Se a mensagem fosse urgente e houvesse recursos disponíveis, despachava-se um cavaleiro confiável e incansável, com cavalos novos - e esperando que o tempo cooperasse.
Mas quando as mensagens não eram urgentes, as pessoas pediam aos peregrinos que as levassem de uma cidade para outra – não apenas porque os peregrinos já estariam acostumados a percorrer longas rotas, mas também porque eram de fato confiáveis, uma vez que estavam comprometidos numa jornada religiosa.